segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Moby Dick

Moby Dick Herman Melville



Uma obra-prima da Literatura mundial, um livro espantoso, de uma profundidade oceânica, de um sopro forte e caloroso como o do subtropical alísio, que celebra o cachalote e a verdadeira baleia, rainhas dos oceanos, e nos conta a aventura trágica de um capitão baleeiro do século XIX, e da sua infeliz tripulação, em busca de uma vingança redentora.

Reflexões, sobre a vida e a sua finalidade, sobre a justiça e a sua aplicação – imperdível a passagem sobre as duas leis da pesca à baleia –, sobre a religião e os seus ensinamentos e sobre um sem número de pequenos temas, que ganham uma fundura luminosa e inesperada na pena de Melville.

Uma escrita envolvente, cheia de detalhes interessantes, análises racionais, histórias maravilhosas, lendas brumosas, estatísticas exactas, plena de humor inteligente mas também picaresco, fluida seguindo sempre uma forte e ondulante corrente que nos impele para a frente com uma maravilhamento encantador.

Como seria de esperar numa historia passada abordo de um veleiro, o Pequod, em mar alto os termos náuticos abundam (cabrestante, polé, bujarrona, ciar, amurada, verga, moitão, gurupés, mezena, turco da baleeira, enxárcia e muitos outros) dando um colorido e criando uma atmosfera que nos deposita no castelo da proa desta embarcação.

Portugal, país de mares e marinheiros, é abundantemente citado quer pela valia das suas gentes (“… os americanos fornecem liberalmente os cérebros, cabendo ao resto do mundo contribuir com os músculos. Um não pequeno número de baleeiros provém dos Açores, onde os navios de Nantucket lançam ferro frequentemente para contemplar as suas equipagens com os sólidos camponeses dessas ilhas rochosas”) e pelas suas lendas (“Aqui a verdade da vida iguala a lenda, mesmo quando se trate de uma velha história como a da serra da Estrela em Portugal, onde se diz existir perto do cume um lago em cuja superfície flutuam as carcaças de navios naufragados no oceano …”). Cabo Verde, esse país nosso irmão, é também mencionado, havendo a bordo um marinheiro de Santiago. Timor surge como refugio de outro cachalote mítico, o Tom de Timor assim chamado porque encontrava refúgio das águas circundantes deste país asiático.

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