sábado, 7 de novembro de 2015

Bomarzo



Bomarzo de Manuel Mujica Lainez

Um livro que é um monumento, uma obra-prima que nos transporta para a Renascença italiana, e em que vemos erguer-se, com grande realismo, maiores que a vida, os grandes nomes desta era, os artistas como escultor e ourives Benvenuto Cellini, Miguel Angelo Buonarotti que pintou a capela sistina no Vaticano, os pintores Lorenzo Lottoos, Ticiano, os cabalistas, os magos, os escritores Ariosto, Graciliano, os clássicos como Vergílio e também Cervantes, os Papas Leão X, Clemente VII, Paulo III, Júlio III, Marcelo II, Paulo IV, Pio V e Gregorio Xiii, os Reis e Imperadores, Carlos V, Filipe II de Espanha que foi primeiro de Portugal, os membros mais famosos das famílias mais influentes, os Orsini, os Borgia, os Médicis, os Farnese, os chefes militares, os corajosos condottiero, as cidades esplendorosas de Veneza, Florença e Roma, as guerras e as batalhas, a Arte e a Vida.  

A vida romanceada de Pier Francesco Orsini, Duque de Bomarzo, um retrato psicológico profundo de um nobre do século XVI que foi um homem da sua época; um trauma de nascimento, a violência sem limites, o crime que compensa, a paixão desenfreada, o orgulho desmedido, a força brutal, a superstição fúnebre, o requinte artístico, a perseverança, um sonho de imortalidade, uma obra singular, um arrependimento místico no crepúsculo da vida e uma surpresa desagradável no final.

Um livro de culto que tem levado muitos a visitar o Sacro Bosque de Bomarzo para ver os Monstros esculpidos na rocha o projecto fantástico de Pier Francesco.

Portugal surge a espaços nesta obra. A chegada a Roma da delegação que o Rei D. Manuel I enviou ao Papa e que incluía o elefante Hanno é descrita de forma admirável. Uma passagem dessa cena: “Abul obteve a sua compensação plena quando se apresentou diante de Leão X, sentado nos calcanhares, quase nu em cima da cabeçorra oscilante de Hanno, no centro da comitiva que desdobrava o seu fausto na ponte de Castel Sant’Angelo, e que sua Santidade contemplava, extasiado, através do monóculo, da eminência do castelo, porque constituía o espectáculo mais fabuloso que se havia oferecido aos seus olhos de pesquisador de beleza”.



Um livro extraordinário. Uma das grandes obras literárias do século XX. Indispensável.

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