Bomarzo
de Manuel Mujica Lainez
Um livro que é um monumento, uma obra-prima
que nos transporta para a Renascença italiana, e em que vemos erguer-se, com
grande realismo, maiores que a vida, os grandes nomes desta era, os artistas
como escultor e ourives Benvenuto Cellini, Miguel Angelo Buonarotti que pintou
a capela sistina no Vaticano, os pintores Lorenzo Lottoos, Ticiano, os
cabalistas, os magos, os escritores Ariosto, Graciliano, os clássicos como Vergílio
e também Cervantes, os Papas Leão X, Clemente VII, Paulo III, Júlio III,
Marcelo II, Paulo IV, Pio V e Gregorio Xiii, os Reis e Imperadores, Carlos V,
Filipe II de Espanha que foi primeiro de Portugal, os membros mais famosos das
famílias mais influentes, os Orsini, os Borgia, os Médicis, os Farnese, os
chefes militares, os corajosos condottiero,
as cidades esplendorosas de Veneza, Florença e Roma, as guerras e as batalhas,
a Arte e a Vida.
A vida romanceada de Pier Francesco Orsini,
Duque de Bomarzo, um retrato psicológico profundo de um nobre do século XVI que
foi um homem da sua época; um trauma de nascimento, a violência sem limites, o
crime que compensa, a paixão desenfreada, o orgulho desmedido, a força brutal, a
superstição fúnebre, o requinte artístico, a perseverança, um sonho de
imortalidade, uma obra singular, um arrependimento místico no crepúsculo da
vida e uma surpresa desagradável no final.
Um livro de culto que tem levado muitos a
visitar o Sacro Bosque de Bomarzo para ver os Monstros esculpidos na rocha
o projecto fantástico de Pier Francesco.
Portugal surge a espaços nesta obra. A chegada a Roma da delegação que o Rei D. Manuel I enviou ao Papa e
que incluía o elefante Hanno é descrita de forma admirável. Uma passagem dessa cena: “Abul obteve a sua compensação plena quando
se apresentou diante de Leão X, sentado nos calcanhares, quase nu em cima da
cabeçorra oscilante de Hanno, no centro da comitiva que desdobrava o seu fausto
na ponte de Castel Sant’Angelo, e que sua Santidade contemplava, extasiado,
através do monóculo, da eminência do castelo, porque constituía o espectáculo
mais fabuloso que se havia oferecido aos seus olhos de pesquisador de beleza”.
Um livro extraordinário. Uma das grandes
obras literárias do século XX. Indispensável.
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