Man, the State and War de Kenneth N. Waltz
Kenneth N. Waltz é o grande pensador americano
da escola realista de relações internacionais do pós segunda guerra. Este
livro, um clássico, procura responder à magna questão de quais são as causas da
guerra e como podemos evitá-la.
Waltz diz-nos que podemos identificar três
correntes de pensamento sobre as causas da guerra, a primeira centrada no ser
humano, nos seus defeitos, na sua acção irracional, apaixonada e agressiva, a
segunda na natureza dos Estados, mal estruturados e representando interesses de
grupos específicos e não os da sociedade como um todo e uma terceira corrente
que se centra na estrutura do sistema internacional e no frágil equilíbrio de
poderes entre os vários Estados.
Waltz descarta a primeira hipótese com
argumentos sólidos e com bom senso, referindo que se a causa está no ser humano
então seria necessário mudá-lo o que parece tarefa impossível. A demais seria
preciso que todos mudassem simultaneamente caso contrario os mais pacíficos seriam
de imediato conquistados pelos ainda belicosos.
Também descarta a segunda hipótese, que
identifica com Kant e a sua obra “A Paz Perpétua” e com os autores marxistas, uma
vez que mesmo um Estado perfeito, actuando para o bem dos seus cidadão, pode
pela sua acção levar outros a atacá-lo sendo assim uma causa de guerra.
Por último sustenta que a causa da guerra
reside no sistema internacional, um sistema anárquico, em que não existe
autoridade para dirimir conflitos, em que impera a Lei do mais forte. Aqui,
segundo Waltz radica a causa da guerra e para ela não há cura, apenas um
Governo Mundial a poderia solucionar, mas com um preço superior ao da guerra.
Uma cura imperfeita é a constante procura do equilíbrio de poderes que impeça
qualquer Estado de iniciar uma guerra devido à certeza de ser derrotado. Mas,
admite, a procura do equilíbrio de poder pode levar também ela à guerra.
Trata-se, então, não de uma cura, mas de um paliativo que pode dilatar o espaço
inter guerras.
Waltz tem razão ao identificar a estrutura
do sistema internacional como a maior fonte de guerras (por exemplo o
colonialismo levou às guerras pela dependência, primeiro nas Américas e depois
na Ásia e na África), mas a natureza dos Estados é que molda o sistema
internacional – lembremos que por exemplo na Europa nunca ouve qualquer guerra
entre os estados socialistas enquanto estes existiram e logo que estes
desapareceram assistimos a um conjunto de guerras no seu interior (Jugoslávia,
Sérvia, Ucrânia, etc.).
Um excelente livro que deve ser lido, como
sempre, de modo crítico.
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