terça-feira, 3 de novembro de 2015

Man, the State and War



Man, the State and War de Kenneth N. Waltz

Kenneth N. Waltz é o grande pensador americano da escola realista de relações internacionais do pós segunda guerra. Este livro, um clássico, procura responder à magna questão de quais são as causas da guerra e como podemos evitá-la.

Waltz diz-nos que podemos identificar três correntes de pensamento sobre as causas da guerra, a primeira centrada no ser humano, nos seus defeitos, na sua acção irracional, apaixonada e agressiva, a segunda na natureza dos Estados, mal estruturados e representando interesses de grupos específicos e não os da sociedade como um todo e uma terceira corrente que se centra na estrutura do sistema internacional e no frágil equilíbrio de poderes entre os vários Estados.

Waltz descarta a primeira hipótese com argumentos sólidos e com bom senso, referindo que se a causa está no ser humano então seria necessário mudá-lo o que parece tarefa impossível. A demais seria preciso que todos mudassem simultaneamente caso contrario os mais pacíficos seriam de imediato conquistados pelos ainda belicosos.

Também descarta a segunda hipótese, que identifica com Kant e a sua obra “A Paz Perpétua” e com os autores marxistas, uma vez que mesmo um Estado perfeito, actuando para o bem dos seus cidadão, pode pela sua acção levar outros a atacá-lo sendo assim uma causa de guerra.

Por último sustenta que a causa da guerra reside no sistema internacional, um sistema anárquico, em que não existe autoridade para dirimir conflitos, em que impera a Lei do mais forte. Aqui, segundo Waltz radica a causa da guerra e para ela não há cura, apenas um Governo Mundial a poderia solucionar, mas com um preço superior ao da guerra. Uma cura imperfeita é a constante procura do equilíbrio de poderes que impeça qualquer Estado de iniciar uma guerra devido à certeza de ser derrotado. Mas, admite, a procura do equilíbrio de poder pode levar também ela à guerra. Trata-se, então, não de uma cura, mas de um paliativo que pode dilatar o espaço inter guerras.

Waltz tem razão ao identificar a estrutura do sistema internacional como a maior fonte de guerras (por exemplo o colonialismo levou às guerras pela dependência, primeiro nas Américas e depois na Ásia e na África), mas a natureza dos Estados é que molda o sistema internacional – lembremos que por exemplo na Europa nunca ouve qualquer guerra entre os estados socialistas enquanto estes existiram e logo que estes desapareceram assistimos a um conjunto de guerras no seu interior (Jugoslávia, Sérvia, Ucrânia, etc.).

Um excelente livro que deve ser lido, como sempre, de modo crítico.
 

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