Conversa
na Catedral de Mario Vargas Llosa
A obra máxima de Mario Vargas Llosa, um
romance histórico que nos conta os anos da ditadura do General Manuel Arturo
Odría Amoretti que governou o Perú com mão de ferro entre 1848 e 1956.
O General Odría tinha como seu próximo
conselheiro e homem de mão o odiado Alejandro Esparza Zañartu, chefe da polícia
política e mais tarde ministro do interior no qual Losa se inspira para compor
a personagem de Cayo Bermudez.
Llosa expõe com mestria uma elite político-militar
peruana corrupta, intriguista, dissoluta nos costumes, sem horizontes culturais
e sem propostas para o país que não as do seus mesquinhos interesses económicos
individuais. Um poder ancorado na aliança entre a burguesia urbana de base industrial
(D. Fermin) e os agrários latifundiários (Senador Arevalo), que instrumentaliza
as Forças Armadas para se manter no comando do país.
Usando uma técnica espantosa, Llosa
enreda-nos numa longa conversa em que os narradores se alternam e em que as
conversas cruzadas nos remetem simultaneamente para distintos acontecimentos ocorridos
em momentos diferentes do tempo. O passado, o presente e o futuro misturam-se
confluindo a espaços e aí se sintetizando o sentido completo de cada episódio e
das etapas da sua evolução.
O cepticismo, a desconfiança da natureza
humana, (“não há puros”), a nostalgia
de um tempo de camaradagem, de desafio e de utopia não aproveitado plenamente, marca
profundamente a atitude de Santiago de algum modo a voz mais forte e independente
do livro.
Um livro espantoso. Vargas Llosa deve o
prémio Nobel que recebeu em 2010 em boa parte a este livro notável.
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