segunda-feira, 18 de abril de 2016

Pedro Páramo



Pedro Páramo de Juan Ruffo

Numa pequena aldeia, num vale profundo, perto da grande herdade da Meia-lua, Juan Preciado procura as suas raízes familiares e descobre a figura impar que foi o seu pai, Pedro Páramo.

Sob um sol impiedoso e inquietante as muitas personagens movem-se como espetros que a vida abandonou mas que persistem em contar a sua história, em querer fazer sentido de um encadear de acontecimentos, em testemunhar a forma como todos eles se cruzaram e relacionaram com o determinado, ganancioso e desalmado, mas também infeliz apaixonado, latifundiário.

Jual Rulfo (1917-1986) era Mexicano, um país em que se celebra o Dia de Muertos, festa que dura três dias e em que muitos acreditam que nesse período os espíritos dos mortos regressam para um convívio ameno e amistoso com os seus familiares e amigos que ainda não partiram.

Chave para a compreensão deste romance é a frase aparentemente anódina e paradoxal “E em dias de corrente de ar vê-se o vento a arrastar folhas de árvores pelo chão quando aqui, como vês, não há árvores. Já houve, noutros tempos, porque se assim não fosse donde viriam estas folhas”.

Este é uma história em que os intervenientes são folhas levadas pelo vento que sopra como bênção sobre uma planície em brasa, em que se fala mas em que as palavras “não tinham qualquer som, não soavam; sentiam-se; mas sem som, como as que se ouvem nos sonhos”. Um romance em que “o ar muda a cor das coisas; onde a vida corre como se fosse um murmúrio”.

O livro seminal para o realismo mágico que trouxe a literatura latino-americana para a linha da frente da Literatura mundial.

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