sábado, 11 de fevereiro de 2017

Tommaso del Cavaliere

Tommaso dei Cavaliere de Julian Stryjkowski

Miguel Ângelo ou Michelangelo foi, a par com Leonardo da Vinci, o maior artista da Renascença italiana destacando-se em vários domínios incluindo a pintura, a escultura, a arquitetura e até a poesia.

Julian Stryjkowski romanceia nesta bela novela a relação entre Miguel Ângelo e Tommaso del Cavaliere, um nobre muito belo, e o seu terrível impacto na produção artística do Mestre nos seus últimos anos.

Miguel Ângelo dedicou mais de 30 poesias, a maioria sonetos, a Tommaso a quem ofereceu vários desenhos com cenas alegóricas.

A novela reflete de forma profunda e subtil sobre a terrível tensão entre o desejo do amor carnal proibido, porque homossexual, e o puro amor platónico presente na vida e obra de Miguel Ângelo.

Essa tensão dilacerante surge bem patente na questão da nudez na arte. Miguel Ângelo que diz “Toda a vida acreditei que a nudez é beleza” mas de igualmente afirma “Toda a arte é pecado”. Tal discussão, muito característica da época, ilustra-se com o fresco encomendado pelo Papa Clemente IV para a capela Sistina “O Juízo Final” em que Miguel Ângelo pintou os corpos nus mas 20 anos mais tarde o Concílio de Trento ordenou que fossem cobertos. A adulteração ficou a cargo de Daniele da Volterra.

Para pintar o corpo humano Miguel Ângelo estudou anatomia e “O prior Epipodu Epimario permitiu ao artista dissecar os cadáveres do necrotério do hospital da igreja do Espírito Santo”.

A relação com a riqueza, “comia pouco, vestia-se como um pobre e habitava uma casa miserável”, com a fama “ – A tentação da fama … / - Despedi-me dela”, com a solidão, “Indisposto com os homens e o mundo, procurava a solidão, temendo-a ao mesmo tempo”, a sua rivalidade com Leonardo da Vinci a quem venceu num concurso de pintura, “Ofendido, Leonardo abandonou pouco depois Florença e voltou a Milão” são outros temas que perpassam nesta excelente obra do polaco Julian Stryjkowski.
 

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