A Brief history of Medicine por Paul Strathern
Uma
história sucinta da Medicina como ciência, desde os primeiros passos dados na
Grécia antiga no campo da anatomia e da teoria até aos nossos dias com a
descoberta do código genético impresso no ADN.
Hipócrates
(460 a.C. – 370 a.C.) procurou libertar a medicina da religião e da filosofia e
ergue-la como ciência baseada na observação e na prática clínica. Apoiada num
modelo holístico, procurando tratar o doente e não a doença, elaborou uma
prática baseada no equilíbrio dos quatro fluídos corporais.
Na sua
senda veio Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), o mais brilhante aluno de Platão,
que desenvolveu um entendimento do homem e da natureza ancorada na existência
de quatro elementos: ar, terra, fogo e água e na ideia que o microcosmo reflete
a forma do macrocosmo. Entre os seus contributos no campo da medicina surge a
ideia que o coração era o local onde se encontrava a alma a qual registava as
sensações corporais e instigava o pensamento e o movimento.
Também
grego era Herófilo (335 a.C. – 280 a. C.), o Pai da anatomia, que identificou e
baptizou uma série de órgãos como o duodeno, a próstata até aí desconhecidos. Estudou
o sistema nervoso, separou os nervos motores dos nervos sensoriais e ao ver que
todos levavam ao cérebro pôs em causa a teoria de Aristóteles sobre o coração.
Mas o
primeiro grande médico da antiguidade foi o grego Cláudio Galeno (129-217) que
criou um sistema que durou até ao século XVIII, integrando as teorias de
Hipócrates e Aristóteles e mantendo a ideia que a doença não passava de um desequilibro
dos quatro fluídos/humores agora associados aos quatros constituintes da
natureza, a um órgão específico e a um efeito psicológico: 1) sangue-ar-coração-temperamento
sanguíneo; 2) Bílis amarela-fogo-fígado-temperamento colérico 3) Bílis negra-terra-baço-temperamento
melancólico e 4) fleuma-água-cerebro-temperamento fleumático.
Galeno
foi o primeiro a provar que a urina era produzida nos rins e não na bexiga como
se acreditava, a demonstrar o controlo dos nervos sobre os músculos e a mostrar
a diferença entre veias e artérias.
Com a
Idade Média a Europa caiu sob o domínio religioso do Cristianismo que bloqueou
o desenvolvimento da Medicina ao acreditar que a doença ou é uma punição divina
ou a possessão por espíritos malignos. Assim a solução é o arrependimento, a penitência,
a oração ou a interceção do santo adequado.
Assim
nos séculos seguintes os desenvolvimentos da Medicina ficaram a cargo da
civilização muçulmana. Homens como Al-Razi, primeiro a introduzir a
classificação as substâncias entre minerais, vegetais e animais, e a estabelecer
para um conjunto grande de doenças a lista de sintomas, estabelecendo um
diagnóstico, um prognóstico e uma prescrição para cada uma delas. O seu livro
manteve durante séculos como o manual base da Medicina.
Depois
veio Avicena (980-1037), com a sua imensa produção de mais de 250 livros em múltiplos
campos do saber. A sua grande obra sobre medicina, Al-Quanun, O Cânone, tornou-se
um clássico. Ainda no século XVII era usada nas melhores escolas de Medicina
europeias. Muitos outros médicos árabes e muçulmanos continuaram a desenvolver
a medicina ao longo dos séculos, até que o declínio do seu império devolveu à Itália
e à sua grande escola de Pádua a liderança nesta área do saber.
O
livro segue até aos nossos dias com a descoberta do código do ADN e as
possibilidades abertas pelas terapias genéticas. A primeira das quais foi
desenvolvida por três médicos Alain Fischer, Marina Cavazzana-Calvo e Salina
Haceim-Bey salvaram um bebé com uma doença genética em França.
Uma
excelente livro que nos conta de uma forma simples e empolgante a História da
Medicina, desde a antiguidade à atualidade.
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