segunda-feira, 31 de julho de 2017

Why Save the Bankers?

Why Save the Bankers? por Thomas Piketty

Thomas Piketty é um economista francês célebre pelos seus trabalhos sobre os mecanismos que levam à concentração da riqueza, potencial Prémio Nobel, observador atento da realidade social europeia.

Este livro recolhe um conjunto selecionado pelo autor de artigos publicados na imprensa francesa sobre a crise económica, nomeadamente a crise provocada pelo Euro.

Reconhecendo que o Euro implica serias limitações aos países com economias menos desenvolvidas, Piketty defende a mutualização das dívidas superiores a 60% do PIB, isto é a solução conhecida pelas Eurobonds, divida a emitir pela União Europeia e que permitiria transferir para a EU o excesso de dívida de países como Portugal, a Grécia, a França, a Irlanda e outros.

Mas é evidente que para que fosse a EU a assumir o pagamento os países não poderiam ser livres de emitir a dívida que quisessem. Por isso Piketty propõe a constituição de um Parlamento do Euro constituído pelos membros da Comissão de Finanças dos Parlamentos dos países dos Euro. Este novo órgão atribuiria limites máximos de dívida a emitir por cada país.

Por outro lado para poder pagar os juros e o reembolso da divida europeia a União Europeia necessitaria de aumentar as suas receitas. Piketty propões para esse efeito uma taxa de 10% sobre os lucros das empresas.

Uma proposta federalista que levaria a uma integração cada vez maior e a uma perca de independência e de soberania de Portugal e à criação de um pequeno diretório (França-Alemanha) ainda mais capaz de impor as suas políticas. Se aplicado produziria ainda mais dificuldades à economia portuguesa e à aplicação de doses maiores de austeridade e de desmantelamento mais completo dos serviços sociais (pensões, saúde, educação).

A larga maioria dos artigos expõem e defendem esta teoria, mas também podemos aqui encontrar textos versando outras temáticas. Muito interessante é o artigo sobre as indemnizações aos africanos pelos crimes cometidos pelos europeus ao nível da escravidão a que submeteram milhões de pessoas. É importante saber que quando a França e a Inglaterra terminaram com o crime do comércio de pessoas, os proprietários de pessoas escravizadas receberam enormes indemnizações que estão ainda na base de muitas grandes fortunas atuais.

Em Portugal este tema ainda não se discute mas é cada vez mais urgente coloca-lo em cima da mesa, quando sabemos que os afro-portugueses não têm no nosso país as mesmas oportunidades reais que os restantes cidadãos.

Outro tema é a da liberdade de imprensa. Partindo do caso do Liberation em França em que o novo dono, Bruno Ledoux, impôs uma linha editorial coartando a liberdade de imprensa, Piketty propõe uma reflexão sobre novas formas de governo das empresas de comunicação social que restrinjam a interferência dos acionistas nos conteúdos editoriais.

Finalmente Piketty também explica como os muito ricos conseguem ir concentrando a riqueza nas suas mãos. È que as taxas de lucro que auferem são muito superiores à taxa de crescimento da economia. Sempre que tal acontece a riqueza vai-se concentrando nos que têm mais taxas de lucro.

Um livro interessante que vale a leitura mas cujo cerne é uma proposta que não interessa a Portugal nem aos portugueses: a emissão de eurobonds em substituição da dívida pública contra a imposição de um imposto europeu sobre as empresas e contra a perda de soberania financeira.

Sem comentários:

Enviar um comentário