Amada Vida por Alice Munro
Uma coleção de 14 contos da famosa autora
canadiana publicados em 2012. No ano seguinte Alice Munro (n. 1931) ganhou merecidamente
o Prémio Nobel da Literatura.
Sobressai, como pano de fundo, de forma nebulosa
e ténue a atmosfera da sociedade das pequenas vilas de província, que não são
rurais mas também não completamente urbanas, com os seus dramas humanos, com as
suas idiossincrasias, com as suas paisagens imersas na Natureza florescente da
zona do Lago Huron.
Muitos dos contos reunidos em Amada Vida,
Dear Life no original, tinham já sido publicados anteriormente nomeadamente em
revistas e jornais literários.
As personagens são complexas e muitas vezes tocadas,
feridas ou traumatizadas física ou psicologicamente por acontecimentos ou
doenças que as empurram para comportamentos por vezes estranhos que se iluminam
com a revelação da sua condição.
A atenção ao detalhe, ao enquadramento
ambiental, a minúcia de análise dos sentimentos e processos psicológicos,
ajuda-nos a compreender a natureza humana e os complicados labirintos da mente
humana.
Particularmente interessantes são história de
“Noite” sobre uma obsessão infantil, “À vista do Lago” uma reflexão sobre a
perda da memória, Dolly que nos conta um reencontro inesperado e improvável.
A velhice “a única coisa que me incomodava, um bocadinho, era o pressuposto de que
nada mais iria acontecer na nossa vida. Nada de importante que tivéssemos de
gerir”, a reacção á deficiência “Nunca
fale da minha perna ao papá, que ele fica apoplético” disse ela. Uma vez
despediu não apenas um miúdo que costumava meter-se comigo, mas toda a família”,
a dolorosa descoberta de um embuste, a sensação de culpa depois do adultério,
muitos são os temas, muitas são as ocasiões para observar a vida quotidiana sob
uma lupa reveladora dos movimentos subterrâneos da alma.
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