quinta-feira, 3 de maio de 2018

Prisoners of Geography

Prisoners of Geography de Tim Marshall

Um livro estranho que explicitamente se propõe explicar as relações internacionais pela geografia dos Estados mas que apenas explana um conjunto limitado de argumentos ideológicos mal embrulhados com alguns factos da geografia física e humana.  

Por outro lado confunde, muitas vezes, limitações geográficas com limitações tecnológicas e políticas.

Um bom exemplo desta confusão é o do acesso e o controlo das rotas marítimas oceânicas que segundo Marshall estão na base de potenciais conflitos dos Estados Unidos, que controlam firmemente com as suas poderosas esquadras oceanos e mares, e a Rússia e a China que também desejam navegar livremente por este espaço comum da humanidade. Esta aparente questão geográfica só ganha relevância não pela mera existência de grandes extensões de água mas apenas porque no estado atual da tecnologia dos transportes é mais barato transportar grandes quantidade de bens, nomeadamente petróleo, por barco do que por via terrestre ou aérea.

Significativo é o facto de a China não podendo, por manifesta inferioridade militar, abrir um conflito com os EUA no mar e não querendo estar vulnerável perante um eventual bloqueio naval americano está a construir uma ligação terrestre, rodoviária e ferroviária, com o Médio Oriente e com a Europa que lhe permitirá continuar a manter relações comercias pacificas com essas regiões.

O acesso aos oceanos não é, pois, como Marshall insiste uma questão geográfica mas antes um problema tecnológico e político.

Sobre África refere o óbvio, que as fronteiras foram desenhadas pelos colonialistas europeus não correspondendo à distribuição das populações ou a fronteiras físicas relevantes. Interessante seria perceber quais os critérios que estiveram na base da divisão de África e do seu traçado fronteiriço colonial.

Tim Marshall é britânico mas nesta obra dá-nos uma visão inteiramente norte-americana do mundo em que o expansionismo deste país, mesmo quando militar e violento, é tratado como pacifico e a mais pequena e inócua manifestação de independência ou autonomia de outros estados descrita como ameaçadora.

O livro contem dez mapas que se limitam a reproduzir o mapa das fronteiras políticas dos vários continentes não contendo informação geográfica relevante.

Um desapontamento para quem tivesse expetativa de encontrar aqui uma introdução ao importante campo da geopolítica e da geoeconomia e só se depara com argumentos ideológicos.

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