Capítulos Interiores por Chuang Tse
Um dos livros essenciais da doutrina filosófica
/ religião Taoísta que nasceu no século IV antes de Cristo, iniciada pelo
pensamento de Laozi, também conhecido no ocidente como Lao Tse, e se
desenvolveu na China nos séculos seguintes.
O seu foco encontra-se no Tao (Caminho) e na correta
e natural integração do individuo no fluxo de mudança da vida, aceitando os
acontecimentos à sua volta, alegrando-se com a sua mutação e procurando não se
opor às transformações à sua volta – “Estamos
na corrente e não podemos voltar para trás”.
Tudo é uno e as diferenças são transitórias –
“Alegria e raiva, pena e felicidade,
esperança e medo, indecisão e poder, humildade e força de vontade, entusiasmo e
indolência, à semelhança da música que provém de uma cana oca ou dos cogumelos
que crescem da terra quente e escura, continuamente aparecem diante de nós, dia
e noite. Ninguém sabe de onde vêm. Não te preocupes com isso. Deixa-os vir”.
O ser humano apega-se a opiniões e luta por
elas, sofrendo e causando dor noutras pessoas e no entanto “Afincamo-nos ao nosso ponto de vista, como se
tudo dependesse dele. E, todavia, as nossas opiniões não têm qualquer
permanência: semelhantes ao Outono e ao Inverno, gradualmente passam”.
O importante, contudo, é o imutável, o uno, o
que permanece – “Não fazer distinção, mas
habitar o que é imutável, chama-se clarividência”. Mais á frente reitera “Esquece o tempo, esquece a distinção. Goza o
infinito, repousa nele”.
A preocupação com os outros e com o coletivo surge
também como central no taoismo – “Se não
houver outros, não há eu” e de outra forma “Não têm todos os outros de depender de outros para serem o que são”.
O taoismo assume uma forte disposição pró científica,
fugindo de argumentos religiosos, focando a sua atenção no mundo real que
analisa desapaixonadamente. O sábio não se envolve em discussões sobre o supranatural,
sobre o que escapa à natureza, e abstêm-se de julgamentos sobre o natural
procurando antes compreende-lo – “Para
além dos seis reinos que são o céu e a terra e as quatro direções, o sábio
aceita, mas não discute. Dentro dos seis reinos, ele discute mas não julga”.
O caminho que preconiza Chuang Tse é o
caminho do meio – “Ao fazeres o bem evita
a fama. Ao fazeres o mal evita o castigo. Assim, procurando o caminho do maio,
poderás preservar o corpo, preencher a vida, cuidar dos parentes e passar os
anos”.
Chuang Tse ensina aos governantes um caminho
de não intervenção e de liberdade para a sociedade “Permite a todas as coisas
seguirem o seu curso. Não tentes ser inteligente. Assim o mundo será governado”
reforçando a opinião atribuída a Laozi “Quando
um rei sábio governa, a sua influência é sentida em todos os lugares, mas ele
não parece fazer nada. O seu trabalho afeta as dez mil coisas, mas o povo não
depende dele”.
Um pequeno livro que nos mostra a filosofia
que enformou e que continua a influenciar uma parte considerável da Humanidade.
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