segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Capítulos Interiores

Capítulos Interiores por Chuang Tse

Um dos livros essenciais da doutrina filosófica / religião Taoísta que nasceu no século IV antes de Cristo, iniciada pelo pensamento de Laozi, também conhecido no ocidente como Lao Tse, e se desenvolveu na China nos séculos seguintes.

O seu foco encontra-se no Tao (Caminho) e na correta e natural integração do individuo no fluxo de mudança da vida, aceitando os acontecimentos à sua volta, alegrando-se com a sua mutação e procurando não se opor às transformações à sua volta – “Estamos na corrente e não podemos voltar para trás”.

Tudo é uno e as diferenças são transitórias – “Alegria e raiva, pena e felicidade, esperança e medo, indecisão e poder, humildade e força de vontade, entusiasmo e indolência, à semelhança da música que provém de uma cana oca ou dos cogumelos que crescem da terra quente e escura, continuamente aparecem diante de nós, dia e noite. Ninguém sabe de onde vêm. Não te preocupes com isso. Deixa-os vir”.

O ser humano apega-se a opiniões e luta por elas, sofrendo e causando dor noutras pessoas e no entanto “Afincamo-nos ao nosso ponto de vista, como se tudo dependesse dele. E, todavia, as nossas opiniões não têm qualquer permanência: semelhantes ao Outono e ao Inverno, gradualmente passam”.

O importante, contudo, é o imutável, o uno, o que permanece – “Não fazer distinção, mas habitar o que é imutável, chama-se clarividência”. Mais á frente reitera “Esquece o tempo, esquece a distinção. Goza o infinito, repousa nele”.

A preocupação com os outros e com o coletivo surge também como central no taoismo – “Se não houver outros, não há eu” e de outra forma “Não têm todos os outros de depender de outros para serem o que são”.

O taoismo assume uma forte disposição pró científica, fugindo de argumentos religiosos, focando a sua atenção no mundo real que analisa desapaixonadamente. O sábio não se envolve em discussões sobre o supranatural, sobre o que escapa à natureza, e abstêm-se de julgamentos sobre o natural procurando antes compreende-lo – “Para além dos seis reinos que são o céu e a terra e as quatro direções, o sábio aceita, mas não discute. Dentro dos seis reinos, ele discute mas não julga”.  

O caminho que preconiza Chuang Tse é o caminho do meio – “Ao fazeres o bem evita a fama. Ao fazeres o mal evita o castigo. Assim, procurando o caminho do maio, poderás preservar o corpo, preencher a vida, cuidar dos parentes e passar os anos”.

Chuang Tse ensina aos governantes um caminho de não intervenção e de liberdade para a sociedade “Permite a todas as coisas seguirem o seu curso. Não tentes ser inteligente. Assim o mundo será governado” reforçando a opinião atribuída a Laozi “Quando um rei sábio governa, a sua influência é sentida em todos os lugares, mas ele não parece fazer nada. O seu trabalho afeta as dez mil coisas, mas o povo não depende dele”.

Um pequeno livro que nos mostra a filosofia que enformou e que continua a influenciar uma parte considerável da Humanidade.

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