quarta-feira, 26 de junho de 2019

A Revolução Eletrónica

A Revolução Eletrónica por William S. Burroughs

Um livro, publicado em 1970 na Alemanha, contendo dois ensaios sobre a revolução eletrónica que se desenhava no horizonte nos finais dos anos 60 ainda com base no gravador áudio, a televisão e o filme colorido. Neto do fundador da Burroughs Corporation, que mais tarde se fundiu com Sperry para dar lugar à Unisys, uma empresa pioneira no campo das máquinas de calcular primeiro e depois dos computadores, o autor conhecia o campo sobre qual escreve.

O primeiro ensaio Feedback de Watergate para o Jardim do Éden reflete sobre a técnica do cut-up, de gravação, corte e mistura, das suas vantagens e de como poderia ser utilizada contra a propaganda do sistema.

Na realidade esta técnica tornou-se uma das principais armas de propaganda e contrainformação das polícias políticas um pouco por todo o mundo. Veja-se esta descrição e atente-se a tantas mensagens que podemos encontrar no facebook oriundas de grupos de extrema-direita ou mesmo de agências de inteligência americanas ou ocidentais “Constroem-se falsas emissões de atualidade como camaras-vídeo. Para as imagens podemos utilizar em geral metragens antigas. A Cidade do México servirá para um tumulto em Saigão e vice-versa. Para um tumulto em Santiago do Chile podemos utilizar imagens de Londonderry – ninguém dá pela diferença. Podemos deslocar incêndios, tremores de terra, desastres de avião”.

No segundo ensaio A Revolução Eletrónica Burroughs propõe a criação de uma nova linguagem que seja estripada de três aspetos do inglês e que a seu ver causam dano na forma de pensar ocidental. O primeiro é o verbo ser como o seu redutor “É” – “O É da Identidade. Tu és um animal. Tu és um corpo. Ora sejas tu o que fores, não és um «animal», não és um «corpo», porque isso são rótulos verbais. O É da identidade compreende sempre a implicação disso e mais nada e compreende também a afetação de uma condição permanente”.

O segundo aspeto a eliminar são os artigos definidos (o, a, os, as que em inglês se traduzem por the) que compreendem “a implicação de um só e único: O Deus, O Universo, O caminho, O certo, O errado”. Em sua substituição propõe o uso do artigo indefinido UM, UMA.

Por último erradicar “todo o conceito OU/OU. Certo ou errado. Físico ou mental, verdadeiro ou falso, todo o conceito de ou será eliminado da língua e substituído pela justaposição, por E.

William S. Burroughs (1914-1997), norte-americano, pintor e escritor, é um dos nomes maiores da geração Beat e do movimento pós-modernista.

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