A Revolução Eletrónica por William S.
Burroughs
Um livro, publicado em 1970 na Alemanha,
contendo dois ensaios sobre a revolução eletrónica que se desenhava no
horizonte nos finais dos anos 60 ainda com base no gravador áudio, a televisão
e o filme colorido. Neto do fundador da Burroughs Corporation, que mais tarde se
fundiu com Sperry para dar lugar à Unisys, uma empresa pioneira no campo das
máquinas de calcular primeiro e depois dos computadores, o autor conhecia o campo
sobre qual escreve.
O primeiro ensaio Feedback de Watergate para o Jardim do Éden reflete sobre a técnica
do cut-up, de gravação, corte e
mistura, das suas vantagens e de como poderia ser utilizada contra a propaganda
do sistema.
Na realidade esta técnica tornou-se uma das principais
armas de propaganda e contrainformação das polícias políticas um pouco por todo
o mundo. Veja-se esta descrição e atente-se a tantas mensagens que podemos
encontrar no facebook oriundas de grupos de extrema-direita ou mesmo de
agências de inteligência americanas ou ocidentais “Constroem-se falsas emissões de atualidade como camaras-vídeo. Para as
imagens podemos utilizar em geral metragens antigas. A Cidade do México servirá
para um tumulto em Saigão e vice-versa. Para um tumulto em Santiago do Chile
podemos utilizar imagens de Londonderry – ninguém dá pela diferença. Podemos
deslocar incêndios, tremores de terra, desastres de avião”.
No segundo ensaio A Revolução Eletrónica Burroughs propõe a criação de uma nova
linguagem que seja estripada de três aspetos do inglês e que a seu ver causam
dano na forma de pensar ocidental. O primeiro é o verbo ser como o seu redutor “É”
– “O É da Identidade. Tu és um animal. Tu
és um corpo. Ora sejas tu o que fores, não és um «animal», não és um «corpo»,
porque isso são rótulos verbais. O É da identidade compreende sempre a
implicação disso e mais nada e compreende também a afetação de uma condição
permanente”.
O segundo aspeto a eliminar são os artigos
definidos (o, a, os, as que em inglês se traduzem por the) que compreendem “a
implicação de um só e único: O Deus, O Universo, O caminho, O certo, O errado”.
Em sua substituição propõe o uso do artigo indefinido UM, UMA.
Por último erradicar “todo o conceito OU/OU. Certo ou errado. Físico ou mental, verdadeiro ou
falso, todo o conceito de ou será eliminado da língua e substituído pela
justaposição, por E.
William S. Burroughs (1914-1997),
norte-americano, pintor e escritor, é um dos nomes maiores da geração Beat e do
movimento pós-modernista.
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