Margarita e o Mestre de Mikhail Bulgakov
Um estranho personagem chega a Moscovo com o
seu estranho séquito criando a confusão no leio literato e dramaturgo e depois
um pouco por toda a cidade.
A escrita elaborada, próxima da perfeição,
com descrições primorosas, diálogos fluídos, reflexões curiosas e profundas,
mostra um domínio completo da arte da Literatura. “Como é triste a Terra ao anoitecer. Como são misteriosas as brumas por
sobre os pântanos. Quem vagueou nessas brumas, quem sofreu muito antes da
morte, quem voou sobre esta terra transportando um fardo demasiado pesado,
sabe-o”.
Várias histórias entretecidas, admiravelmente
cruzadas, misturando o delírio negro mais completo, absurdo e surrealista, com
o romance histórico sóbrio e que se quer fiel aos fatos levemente fantasiados,
num conjunto coerente e completo.
A Paixão vista pelos olhos de Pôncio Pilatos,
a sociedade russa do pós-guerra dissecada pelos olhos críticos da alma humana em
que permanecem muitos pequenos defeitos e idiossincrasias, a reação ao inesperado,
ao inconcebível, agrupam-se para formar uma obra surpreendente e misteriosa.
Abundam os símbolos maçónicos, as referências
satânicas, as situações mais surrealistas (o feroz e prolongado tiroteio a
curta distância em que ninguém é ferido), a par de meditações bem elaboradas
sobre o Bem e Mal “de que serviria o teu
bem se não existisse o mal, e que aspeto teria a terra se dela desaparecessem
as sombras?”. O bem e o mal duas faces da mesma moeda que se entrelaçam,
comunicam e, finalmente, se unificam.
A qualidade da escrita torna atraente um
livro de mensagem difícil mas que nos toca e faz pensar.
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