quarta-feira, 5 de junho de 2019

Margarita e o Mestre


Margarita e o Mestre de Mikhail Bulgakov

Um estranho personagem chega a Moscovo com o seu estranho séquito criando a confusão no leio literato e dramaturgo e depois um pouco por toda a cidade.

A escrita elaborada, próxima da perfeição, com descrições primorosas, diálogos fluídos, reflexões curiosas e profundas, mostra um domínio completo da arte da Literatura. “Como é triste a Terra ao anoitecer. Como são misteriosas as brumas por sobre os pântanos. Quem vagueou nessas brumas, quem sofreu muito antes da morte, quem voou sobre esta terra transportando um fardo demasiado pesado, sabe-o”.

Várias histórias entretecidas, admiravelmente cruzadas, misturando o delírio negro mais completo, absurdo e surrealista, com o romance histórico sóbrio e que se quer fiel aos fatos levemente fantasiados, num conjunto coerente e completo.

A Paixão vista pelos olhos de Pôncio Pilatos, a sociedade russa do pós-guerra dissecada pelos olhos críticos da alma humana em que permanecem muitos pequenos defeitos e idiossincrasias, a reação ao inesperado, ao inconcebível, agrupam-se para formar uma obra surpreendente e misteriosa.

Abundam os símbolos maçónicos, as referências satânicas, as situações mais surrealistas (o feroz e prolongado tiroteio a curta distância em que ninguém é ferido), a par de meditações bem elaboradas sobre o Bem e Mal “de que serviria o teu bem se não existisse o mal, e que aspeto teria a terra se dela desaparecessem as sombras?”. O bem e o mal duas faces da mesma moeda que se entrelaçam, comunicam e, finalmente, se unificam.

A qualidade da escrita torna atraente um livro de mensagem difícil mas que nos toca e faz pensar.

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