A Obra ao Negro de Marguerite Yourcenar
Um romance histórico sobre a vida de Zenão
Ligre, um sábio da Renascença, filosofo, médico, alquimista, um homem que deixa
para trás uma fortuna e se dedica ao estudo e à reflexão e, por isso, é
proscrito, perseguido e, finalmente, preso – um personagem, obviamente,
imaginado.
A Europa mergulhada em guerras, a Espanha no
seu apogeu, a Igreja que ergue fogueiras para queimar os seus opositores,
classificados de hereges, a ciência a irromper dos velhos preceitos alquímicos e
a começar a espalhar a sua luz contra as trevas religiosas.
As seitas que se multiplicam, a repressão
sobre os anabatistas, a rebelião de Münster e consequente banho de sangue, o
norte da Europa, o Império Otomano, o século XVI no seu esplendor.
Um livro de ritmos diferentes, de tons
diversos, que acompanha Zenão e o seu primo, um cabo-de-guerra, nas suas separadas
errâncias pela Europa, então quase unificada sob o jugo dos espanhóis, e nos
seus breves encontros ocasionais. Mas que também nos conta episódios da vida
dos Ligre, pelo casamento unidos aos Fugger a mais rica família de
banqueiros de Augsburg.
Um livro profundo, que reflete sobre diversos
temas de grande atualidade, nomeadamente sobre a importância da liberdade de
pensamento, a relatividade dos conceitos, a necessidade de abertura de espírito
para avançar o conhecimento e a verdade.
O título da obra advém da primeira fase, o
nigredo, da Magnum Opus o processo alquímico de produção da pedra filosofal – a
substancia capaz de transformar o vil metal em ouro.
Um excelente retrato de época onde o politicamente correto por uma linha de pensamento era imposto, se não...
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