quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A Obra ao Negro


A Obra ao Negro de Marguerite Yourcenar

Um romance histórico sobre a vida de Zenão Ligre, um sábio da Renascença, filosofo, médico, alquimista, um homem que deixa para trás uma fortuna e se dedica ao estudo e à reflexão e, por isso, é proscrito, perseguido e, finalmente, preso – um personagem, obviamente, imaginado.

A Europa mergulhada em guerras, a Espanha no seu apogeu, a Igreja que ergue fogueiras para queimar os seus opositores, classificados de hereges, a ciência a irromper dos velhos preceitos alquímicos e a começar a espalhar a sua luz contra as trevas religiosas.

As seitas que se multiplicam, a repressão sobre os anabatistas, a rebelião de Münster e consequente banho de sangue, o norte da Europa, o Império Otomano, o século XVI no seu esplendor.

Um livro de ritmos diferentes, de tons diversos, que acompanha Zenão e o seu primo, um cabo-de-guerra, nas suas separadas errâncias pela Europa, então quase unificada sob o jugo dos espanhóis, e nos seus breves encontros ocasionais. Mas que também nos conta episódios da vida dos Ligre, pelo casamento unidos aos Fugger a mais rica família de banqueiros de Augsburg.

Um livro profundo, que reflete sobre diversos temas de grande atualidade, nomeadamente sobre a importância da liberdade de pensamento, a relatividade dos conceitos, a necessidade de abertura de espírito para avançar o conhecimento e a verdade.

O título da obra advém da primeira fase, o nigredo, da Magnum Opus o processo alquímico de produção da pedra filosofal – a substancia capaz de transformar o vil metal em ouro.

Marguerite Yourcenar (1903-1987), nascida em Bruxelas, escritora de língua francesa foi a primeira mulher a entrar na Academia Francesa.

1 comentário:

  1. Um excelente retrato de época onde o politicamente correto por uma linha de pensamento era imposto, se não...

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