Relatórios sobre a Revolução de 5 de
Outubro
Este livro, publicado pela Câmara Municipal
de Lisboa, reúne oito relatórios de membros das forças armadas que participaram
do lado republicano na Revolução de 1910.
Assume maior importância o relatório de
Machado dos Santos, o homem cuja coragem, inteligência e determinação, permitiu
a vitória do movimento republicano nesse já longínquo 5 de Outubro. Foi ele que
quando os outros desertaram, fugiram, não cumpriram o que tinham prometido,
persistiu com o seu grupo entrincheirado na Rotunda, repeliu os ataques de que
foi alvo e obteve a rendição das forças monárquicas.
Outros relatórios, nomeadamente os de Mariano
Choque Júnior, Ascensão Valdês, Correia Henriques, Ernesto Gomes, Francisco
Sousa Mendes, são simples justificações para a seu não cumprimento dos
compromissos assumidos. Alguns chegam ao ponto de se vangloriar pelo sua
passividade, que teria permitido aos revoltosos vencer. Revoltante de ler.
A verdade é que todos estes tinham como
missão tomar os respetivos quarteis e não o fizeram, o que levou que esses
batalhões tomassem posições, incluindo fazendo fogo, contra os republicanos
civis e militares.
Também interessante o depoimento de Afonso
Pala, que teve papel importante da sedição de Artilharia 1, mas que depois, na
Rotunda, resolveu, com outros oficiais, vestir-se à paisana e fugir.
Significativo o facto de quase todos os
implicados terem patentes baixas, sendo os mais graduados capitães e a maioria
apenas de alferes, tenente ou mesmo sargento ou cabo. Fica também claro o papel
da carbonária na preparação e no apoio civil à Revolução.
O último depoimento, o do tenente Joaquim
Ferreira Dinis, relata a tomada das portas de Algés pelos republicanos e a
contenção das forças estacionadas no concelho de Oeiras, por um número
relativamente pequeno de militares e algumas centenas de civis.
Um livro importante para quem queira
compreender o que efetivamente se passou naqueles três dias que derrubaram a
monarquia.
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