Se a Rua Beale falasse por James Baldwin
Um livro duro e termo, de morte e vida,
injustiça e sobrevivência, passado na América racista dos anos 60. Ao ler
imaginamos facilmente que o jovem perseguido e encarcerado sem culpa poderia
ser do Bairro da Jamaica, da Cova da Moura ou de qualquer bairro periférico de
Lisboa, Loures, Seixal ou Oeiras, vítima da rotineira violência e perseguição policial.
O amor de Tish e Foony, dois jovens mal saídos
da adolescência, enfrenta obstáculos gigantescos, armadilhas maldosamente
urdidas, acusações infundadas, requisitos financeiros inalcançáveis.
Uma história comovente, que sem lamechismos nos
leva às lágrimas, que nos toca no fundo da nossa alma, nos revolta e nos predispõe
para olhar a realidade com olhos mais atentos e atuantes.
Uma obra-prima de um autor icónico.
Baseado no livro foi realizado por Barry
Jenkins um filme homónimo que lançado em 2018 alcançou assinalável êxito nos
Estados Unidos e pela Europa.
James Baldwin (1924-1987), romancista e
dramaturgo negro norte-americano, ativista pelos direitos cívicos e pelos
direitos dos homossexuais, viveu em França com estadias na Turquia e na Suíça.
Entre as suas obras mais significativas encontram-se Giovanni’s Room, Notes of
a Native Son e No name in the Street. Morreu em França de cancro do estômago.
Da sua vasta obra apenas um livro está
editado no nosso país. Uma grave lacuna.
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