quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Querida Ijeawele

Querida Ijeawele por Chimamanda Ngozi Adichie

Num tom suave, doce, extremamente cativante Chimamanda escreve aqui, em jeito epistolar, um repositório de bons concelhos a uma amiga, recentemente mãe, sobre como educar a filha para se tornar uma Mulher de corpo inteiro, cidadã ativa e ciente do seu lugar na sociedade – como alguém disse a Mulher é metade do Céu e ninguém lhe deve ocupar a sua metade do mundo, remetendo-a para lugar subalterno.

São, ao todo, 18 sugestões a um tempo inteligentes, simples e indiscutíveis que Chimamanda nos deixa. A primeira sugestão “ Sê uma pessoa inteira. Ser mãe é uma dádiva maravilhosa, mas não te definas unicamente por esse estatuto. Sê uma pessoa completa. A tua filha beneficiará disso”. A segunda é “Façam-no juntos”, i.e. o pai deverá “fazer tudo o que as suas características biológicas lhe permitem-ou seja, tudo menos amamentar”. Essa partilha de responsabilidade é fulcral. A terceira é desde cedo ensinar à criança que os papeis de género são uma tolice – “ «Porque és uma menina» nunca é razão para nada”.

Outras sugestões incluem ensinar “a gostar dos livros”, “a questionar a linguagem”, a não encarar o casamento “como uma forma de realização pessoal”, a “rejeitar o desejo de agradar”, e tantos outros ensinamentos que permite à jovem rapariga crescer independente e ciente dos seus direitos.

Um livro que todas as mulheres, principalmente as mães, devem ler.

Chimamanda Ngozi Adichie (n. 1977) é uma escritora nigeriana e uma das mais importantes vozes femininas da atualidade. Passou recentemente por Portugal, onde infelizmente passou globalmente desapercebida dos principais órgãos de comunicação social.

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