quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Love in Vain

Love in Vain de Mezzo e J.M. Depont

Depois da banda desenhada ter irrompido como uma forma artística nos anos 70 do século passado, nas últimas décadas este género, considerado por muitos como menor, tem vindo a reinventar-se na novela gráfica, uma forma híbrida que combina a qualidade gráfica herdada da banda desenhada clássica com a estrutura e a qualidade da grande Literatura.

Love in Vain, cujo título é inspirado no nome de uma canção, conta-nos a história atribulada, sofrida e de Robert Jonhson um talentoso cantor de negro norte-americano de blues que viveu nas primeira décadas do século XX.

Nascido no sul profundo, no Mississipi racista, Robert cresce num mundo repleto de violência, pobreza, miséria e sofrimento. A sua saga partilhada com milhões de outros negros igualmente presos a plantações de algodão, a patrões violentos, submetidos a leis iniquas.

Viúvo aos 19 anos, preso apenas por ser negro, vítima da violência policial, a sua existência foi uma sucessão dificuldades. Uma vida de tombos, de voltas e reviravoltas, sem eira nem beira em que no meio do caos Johnson procura firmar uma carreira como compositor, musico e cantor. Morreu aos 27 anos. Nasceu uma lenda.
   
Os desenhos de Mezzo, a preto e branco, são comoventes e belos criando uma atmosfera dura, triste e realista. Os textos de Jean Michel Dupont dão voz a uma história verdadeira mas romanceada. Uma dupla francesa com raízes profundas na tradição belga.

Love in Vain composta por Robert Jonhson acabou muito mais tarde por se tornar um existo dos Rollings Stones. 

Imprescindível.

Sem comentários:

Enviar um comentário