Pode
Portugal ter uma estratégia? por Bruno Cardoso Reis
Três
propostas com sentido: i) a da criação de um secretariado e de um Concelho de Segurança
Nacional junto do Primeiro-ministro; ii) obrigação de aprovação parlamentar das
prioridades-base da Estratégia de Segurança Nacional; iii) a obrigação dos
partidos manterem com fundos públicos centros de estudos/fundações para “estudar, estimar custos e propor políticas
públicas com uma visão de médio prazo para o país”. Uma quarta a da
realização anual de um Fórum Internacional sobre Segurança no Atlântico é mais
duvidosa embora uma conferência internacional periódica sobre o Atlântico tenha
sentido, uma vez que Portugal tem jurisdição sobre uma parte relevante do
Atlântico e não explora essas riquezas subaquáticas.
Se
Bruno Cardoso Reis se tivesse concentrado nestes pontos teríamos aqui um
excelente ensaio e ampla matéria para uma discussão sobre a possibilidade de
Portugal deixar de seguir acriticamente outras potências e desenvolver uma
estratégia própria.
A
primeira parte do ensaio prende-se com uma tentativa pouco conseguida de
retrospetivamente ver uma grande estratégia em alguns aspetos da História do
nosso país. A tentativa é tão forçada, convocando elementos tão simplistas e
limitados, que se torna inverosímil. Também a discussão em torno da definição de
estratégia e grande estratégia, tão brilhantemente separadas por Basil Liddell
Hart, é muito superficial.
Bruno
Cardoso Reis tem razão quando escreve sobre “o enorme custo que o país tem
pago, várias vezes, pela sua cegueira face a riscos e ameaças, alguns deles bem
previsíveis”.
Tem
também razão quando afirma que uma pequena potência como Portugal pode e deve
ter uma estratégia própria. O êxito da Suíça, de Singapura mas também de Cuba e
de outras pequenas potências mostra que a existência de uma estratégia é
indispensável para que possam prosperar e afirmar-se no mundo atual.
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