terça-feira, 28 de abril de 2020

O nosso Agente em Havana


O nosso Agente em Havana de Graham Greene

Um pequeno comerciante de aspiradores, inglês radicado em Cuba nos tempos antes da revolução é aliciado para trabalhar para os serviços secretos britânicos.

Um romance leve, irónico, muito divertido mas certeiro na crítica social e política. Uma comédia de enganos em que a ficção se transmuta em realidade com efeitos dramáticos. O mundo fechado e irreal dos serviços secretos e os malefícios que causam.

Muito interessante a distinção entre os torturáveis e o não torturáveis elaborada pelo capitão Segura. E quem são os torturáveis como explica o militar ao comerciante inglês “Os pobres do meu próprio país, de qualquer país latino-americano. … Em Cuba a polícia pode usar toda a brutalidade que quiser com os imigrantes da América Latina e dos estados do Báltico, mas não com os visitantes do seu país ou da Escandinávia. É uma distintiva …”.  Mais tarde o agente em Havana ao reflectir sobre as palavras de Segura concluí que, de facto, “Ninguém se incomoda com o que ocorre nas nossas prisões, nem nas prisões de Lisboa….”. Na altura em Portugal imperava Salazar com a sua polícia politica que a muitos perseguiu, prendeu e matou. Desde que seja pobre qualquer pessoa pode ser torturada. Bem verdade.

Se transformarmos as nossas fantasias em segredo de Estado elas tornam-se perigosas.

O livro foi publicado em 1958 um ano antes da tomada do poder por Fidel Castro e retrata a sociedade anterior a esse acontecimento histórico.

Graham Greene (1904-1991) foi um escritor e jornalista britânico. Durante um período curto mas marcante na sua obra literária trabalhou efetivamente para os serviços secretos de Sua Majestade.

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