O nosso Agente em Havana de Graham
Greene
Um pequeno comerciante de aspiradores, inglês
radicado em Cuba nos tempos antes da revolução é aliciado para trabalhar para
os serviços secretos britânicos.
Um romance leve, irónico, muito divertido mas
certeiro na crítica social e política. Uma comédia de enganos em que a ficção se
transmuta em realidade com efeitos dramáticos. O mundo fechado e irreal dos
serviços secretos e os malefícios que causam.
Muito interessante a distinção entre os
torturáveis e o não torturáveis elaborada pelo capitão Segura. E quem são os
torturáveis como explica o militar ao comerciante inglês “Os pobres do meu próprio país, de qualquer país latino-americano. … Em
Cuba a polícia pode usar toda a brutalidade que quiser com os imigrantes da
América Latina e dos estados do Báltico, mas não com os visitantes do seu país
ou da Escandinávia. É uma distintiva …”. Mais tarde o agente em Havana ao reflectir
sobre as palavras de Segura concluí que, de facto, “Ninguém se incomoda com o que ocorre nas nossas prisões, nem nas
prisões de Lisboa….”. Na altura em Portugal imperava Salazar com a sua
polícia politica que a muitos perseguiu, prendeu e matou. Desde que seja pobre
qualquer pessoa pode ser torturada. Bem verdade.
Se transformarmos as nossas fantasias em
segredo de Estado elas tornam-se perigosas.
O livro foi publicado em 1958 um ano antes da
tomada do poder por Fidel Castro e retrata a sociedade anterior a esse
acontecimento histórico.
Graham Greene (1904-1991) foi um escritor e
jornalista britânico. Durante um período curto mas marcante na sua obra
literária trabalhou efetivamente para os serviços secretos de Sua Majestade.
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