Corrupção por Eduardo Dâmaso
Um jornalista que se debruce sobre o tema da corrupção
deve manter uma postura séria e à prova de bala, não pode escrever levianamente
sobre o seu tema, pois todas as palavras pesam quando se fazem acusações graves a
governos, empresários e gestores.
Ao escrever que o PCP foi financiado pelo
bloco de Leste Dâmaso atirou a sua credibilidade pela janela fora. Na verdade
com a abertura dos arquivos secretos do Kremlin uma horda de jornalistas
ocidentais, quais feras, vasculhou esses papéis em busca de conexões entre os
Partidos Comunistas locais e os serviços secretos soviéticos bem como ligações
de financiamento legal ou ilegal. Em alguns casos como na Alemanha encontraram
algumas provas de financiamento do KDP pela RDA, mas no caso português não
encontraram nada, absolutamente nada. Foi a grande desilusão de jornais como o
Expresso que pretenderam fazer render esse peixe mas que nada puderam mostrar
porque … nada havia. Se o houvesse tudo teria sido publicado até ao menor
detalhe.
Ora ao falar no tema Dâmaso mostra que é pessoa
capaz de mentir descaradamente sobre um assunto que sabe muito ser falso. E
como diz o povo “quem faz um cesto faz um cento”. Como acreditar então numa
única linha do que escreve? Impossível. Fica sempre a sombra da mentira
descarada a pairar nas outras acusações graves e sem provas que faz.
É pena porque o livro revela-se nalguns
casos como uma boa fonte de informação sobre algumas decisões judiciais mais
escandalosas e sobre alguns casos de corrupção. Infelizmente mistura factos com
opinião, numa amálgama difícil de destrinçar e que prejudica fatalmente todo o
seu projecto de denúncia da corrupção.
Dâmaso tinha o material, a experiência e
as capacidades para fazer um excelente livro de denúncia que se tornasse
referência na exposição dos casos de corrupção e na elucidação da opinião pública
sobre forma como o sistema político e judicial tem promovido a ocultação e
branqueamento da corrupção. Ao deixar-se levar por preconceitos, ideias feitas,
misturar factos com conjecturas, intenções e opiniões deitou por terra o objectivo
a que explicitamente se propôs. Fica mesmo nalguns casos a sensação de
estar a forçar/distorcer os factos para se encaixarem na sua teoria dos acontecimentos.
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