Memórias de um escravo americano
De uma forma simples, direta, rigorosa mas comovente Douglas relata a sua vida de pessoa escravizada durante os primeiros 27 anos da sua vida, desde o dia em que nasceu até à altura em que fugiu para o Norte, rumo a Nova Iorque. Uma vida de trabalho duro, castigos corporais, chicotadas frequentes, separação da mãe e de outros familiares. Uma luta contra a ignorância e a injustiça.
Pelo próprio esforço aprendeu a ler e a escrever, que a educação por mais primária que fosse estava vedada às pessoas escravizadas, formou-se como calafate, trabalhava nos estaleiros navais, mas tudo o que ganhava era entregue ao esclavagista seu dono.
Douglass não era o seu nome original, mas o apelido que adotou no Norte para conseguir escapar aos caçadores de pessoas escravizadas fugidas, que os prendiam e entregavam aos esclavagistas.
Sobre a religião cristã e a escravatura escreve ”O homem que empunha o chicote manchado de sangue durante a semana sobe ao púlpito ao domingo e autoproclama-se sacerdote do Jesus simples e humilde. O homem que rouba os meus ganhos ao fim de cada semana encontra-me como pastor ao domingo de manhã para me mostrar o caminho da vida e da salvação. Aquele que vende a minha irmã para o mester da prostituição, apresenta-se como o defensor da pureza. Aquele que proclama como obrigação religiosa a leitura da Bíblia nega-me o direito de ler o nome do Deus que me criou”. De facto a hipocrisia reinava entre o clero esclavagista.
Após o fim da guerra civil Douglass teve uma carreira como US Marshal em Washington e mais tarde Embaixador e Cônsul Geral dos Estados Unidos no Haiti. Foi sempre um abolicionista dedicado.
Um livro de leitura obrigatória.
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