terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Viagem

A Viagem por Virginia Woolf


Uma jovem de 24 anos, mas totalmente inexperiente, empreende uma dupla e trágica viagem, no decurso da qual descobre que pode ser um ser independente e o vazio do sentido da vida, que nem o amor e o casamento preenchem. Terminada a viagem interior, extingue-se também a exterior.

E essa é, num certo sentido, a mensagem do livro, i.e. que a descoberta do nosso ser e do sentido da nossa vida é a grande viagem que cada um de nós tem de empreender. Nesse exercício interior opaco os outros podem ajudar muito pouco, o que cria fortes problemas de comunicação, insatisfação e mesmo irritação. Na verdade, pelo menos para Rachael, a música parece ser um meio mais expressivo e eloquente do que a língua inglesa.

Os ambientes são finamente desenhados - fantástica a cena da brutalidade crua da chuva tropical desabando telúrica sobre o Hotel enquanto os raios iluminam o céu negro e os trovões assustam os hóspedes. O ser humano perfeitamente indefeso e impotente à mercê de uma Natureza imensa e poderosa que o ignora. Os traços psicológicos e de personalidade dos principais intervenientes analisados com minúcia, subtileza e humor.

A crítica social e política, os direitos da mulher e o seu voto, que na aurora do século XX ainda não estava consagrado em Inglaterra, os direitos da mulher trabalhadora, são discutidos de um ponto de vista machista e conservador que concorre para desacreditar e ridicularizar os argumentos utilizados contra os avanços civilizacionais.

Um poder de observação imenso, dos comportamentos, das intenções, dos cenários e das situações, vertido numa prosa fluente e graciosa.

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