Guerra e Marginalidade por Luís Alves da Fraga
O envio de tropas portuguesas para
França, para as trincheiras da linha da frente, combater pelos Franceses contra
os Alemães encontrou enorme resistência quer em Portugal quer nas próprios
soldados que foram enviados para a Flandres francesa.
Com uma liderança incompetente,
pobremente fardados, mal alimentados os
soldados portugueses foram dizimados nas trincheiras, derrotados em La Lys. Esfomeados, os soldados portugueses roubaram
batatas e nabos ao agricultores locais, gelados e mal calçados furtaram roupa
interior, camisolas, ceroulas e botas nas casas aos civis franceses. Contra oficiais
arrogantes que lhes batiam revoltaram-se várias vezes. Face a uma guerra que não desejavam, e que
alguns apelidavam de imperialista, desertaram, amotinaram-se, recusaram-se a morrer
em combate,
Por estas acções foram reprimidas com
brutalidade pelas hierarquias militares. Primeiro com a prisão de centenas de
soldados e depois, já desesperados por não conseguirem liderar os seus próprios
compatriotas, metralhando e matando os insubmissos.
A presença militar portuguesa na primeira Grande
Guerra foi a todos os títulos desastrosa: incapaz no plano militar não conseguiu,
por isso, ganhos políticos na mesa das negociações da rendição dos alemães e seus aliados austríacos. No final apenas uma dívida externa colossal que mais
nos aproximou dos vencidos do que dos vencedores.
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