A
Queda por Albert Camus
Um voo vertiginoso ao âmago da consciência
do pequeno burguês intelectual bem pensante, bom samaritano, pleno de
auto-confiança no agir profissional e no estar em sociedade, bem sucedido no
trabalho e junto das mulheres, jubiloso com a sua imagem pública e com a
opinião dos outros.
Este voo contudo depressa se transforma em
queda desamparada quando o personagem, depois de alguns episódios em que a sua
coragem e rectidão moral foram testados, se confronta com a sua verdadeira
dimensão humana. Revela-se aos seus próprios olhos a hipocrisia, o falso moralismo, a
indiferença com que olha os outros, o falso amor que promete às amantes, o egoísmo
tremendo da sua existência. Sente então com toda a força da evidência o peso intolerável
julgamento dos outros a quem sente ter de revelar a sua real natureza.
Livro do pós-guerra, editado em 1956, está
escrito em estilo confessional num longo, mas vivo e sentido, monologo em que o
personagem, um juiz-penitente (“lamento
sem absolver, compreendo sem perdoar e sobretudo, ah sei que me adoram”),
conta a sua vida, o seu tombo e o método que inventou para suportar a vida.
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