A Construção de Estados por Francis
Fukuyama
Um país com um Estado fraco, incapaz de
garantir a coesão social e o cumprimento das leis é um perigo para os seus
cidadãos e uma ameaça para a comunidade internacional.
Inebriados pela vitória na guerra fria os
Estados Unidos lançaram-se na senda de, através de instituições financeiras
internacionais como o FMI e o Banco Mundial, obrigar os diversos países a
reduzir o Estado.
Sendo que internamente não existia apoio, procura,
para a implementação das reformas neoliberais favorecidas pelos EUA era
necessário recorrer a outras formas “A
primeira consiste nas várias condições ligadas ao ajustamento estrutural,
programação e projetos de empréstimos de agências externas de auxílio, doadores
ou emprestadores. A segunda é o exercício direto de poder político por parte de
autoridades externas que reivindicam a soberania em Estados falhados, falidos
ou ocupados”.
Veja-se como Portugal se encaixa das duas
formas primeiro empurrado pela União Europeia para políticas de regressão
social em contrapartida de apoio financeiro e depois despojado da sua soberania
real que passou para as mãos de uma troika de instituições internacionais
(União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
O resultado está a ser uma catástrofe global
com cada vez mais países, Somália, Etiópia, Líbia, Mali, Afeganistão, Kosovo, entre
outros, submergidos na mortal anarquia da ausência de estado. A educação
desaparece, a saúde não é assegurada, a simples segurança da vida humana é
precária, não existem leis para além da da selva.
É fácil destruir o Estado mas muito difícil se
não impossível construi-lo de fora da para dentro.
Num momento em que na Europa, exatamente uma
política financeira centralizada impõe uma destruição do aparelho de Estado em
vários países como a Grécia, Portugal, a Espanha e muitos outros, escrito por
um conservador, este é um livro oportuno e certeiro em muitos pontos.
É já um clássico da ciência política.
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