sábado, 21 de maio de 2016

A Construção de Estados

A Construção de Estados por Francis Fukuyama

Um país com um Estado fraco, incapaz de garantir a coesão social e o cumprimento das leis é um perigo para os seus cidadãos e uma ameaça para a comunidade internacional.

Inebriados pela vitória na guerra fria os Estados Unidos lançaram-se na senda de, através de instituições financeiras internacionais como o FMI e o Banco Mundial, obrigar os diversos países a reduzir o Estado.

Sendo que internamente não existia apoio, procura, para a implementação das reformas neoliberais favorecidas pelos EUA era necessário recorrer a outras formas “A primeira consiste nas várias condições ligadas ao ajustamento estrutural, programação e projetos de empréstimos de agências externas de auxílio, doadores ou emprestadores. A segunda é o exercício direto de poder político por parte de autoridades externas que reivindicam a soberania em Estados falhados, falidos ou ocupados”.

Veja-se como Portugal se encaixa das duas formas primeiro empurrado pela União Europeia para políticas de regressão social em contrapartida de apoio financeiro e depois despojado da sua soberania real que passou para as mãos de uma troika de instituições internacionais (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

O resultado está a ser uma catástrofe global com cada vez mais países, Somália, Etiópia, Líbia, Mali, Afeganistão, Kosovo, entre outros, submergidos na mortal anarquia da ausência de estado. A educação desaparece, a saúde não é assegurada, a simples segurança da vida humana é precária, não existem leis para além da da selva.

É fácil destruir o Estado mas muito difícil se não impossível construi-lo de fora da para dentro.


Num momento em que na Europa, exatamente uma política financeira centralizada impõe uma destruição do aparelho de Estado em vários países como a Grécia, Portugal, a Espanha e muitos outros, escrito por um conservador, este é um livro oportuno e certeiro em muitos pontos.

É já um clássico da ciência política.

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