A Desaparecida por Tim Krabbé
Um livro sobre a forma irracional como
tomamos decisões importantes para a nossa vida, guiados pela emoção, pela
superstição, pelo desejo, sem que a razão se imponha, como que dominados por
uma força absurda que prevalece mesmo quando sabemos que o que vamos fazer é
errado ou nos pode por em perigo extremo.
Um rapaz de 16 fica sozinho em casa, senta-se
no parapeito da varanda e “Perguntou-se o
que aconteceria se saltasse. Pesou os prós e os contra, tendo em pano de fundo
a sensação obscura de ser já certo que iria saltar. Achou estranho: como podia
já estar decidido, se saltar era, indubitavelmente, uma coisa de doidos. Mas
tivera essa ideai, e como seria isso possível. Se não tivesse pelo menos a
probabilidade de o fazer? E como poderia saber se tinha mesmo essa
possibilidade senão saltando. Um nó górdio de pensamentos. Ficou sentado na balaustrada
durante hora e meia, pensando naquela contradição e noutras coisas, e depois
saltou”.
Sob a contenção emocional holandesa permanece
o primado do desejo, da curiosidade insaciável, do amor e da culpa aquecidos
pela ausência provocada por um súbito e inexplicável desaparecimento, que vai
levar um dos principais personagens a cometer um erro fatal.
Escrito num estilo de um thriller psicológico
centrado num assassino em série e numa vítima, esta novela desenvolve-se num
estilo lento e com cenas laterais de duvidosa utilidade que desfoca o leitor e desvanece
o enigma que, contudo, será desvendado no final.
Tim Krabbé (n. 1943), jornalista e campeão de
xadrez holandês, publicou esta novela, sob o título original de “O Ovo Dourado”,
em 1984. Pouco depois foi adaptada ao cinema. O livro chegou a Portugal, como quase
sempre com estes autores, mais de 20 anos depois, em 2006.
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