The American Way of Poverty de Sasha Abramsky
Um relato da pobreza no país mais rico do
mundo e propostas claras de como a combater e erradicar.
A fome assola as comunidades destituídas e as
pequenas hortas individuais florescem em terrenos abandonados nas grandes metrópoles
decadentes como Detroit. 12% da população americana passa fome e o Governo
inventou mesmo uma nova expressão, mais suave, para descrever a situação “insegurança
alimentar”.
Os mais jovens sofrem no país que proclama
ser a terra da igualdade de oportunidades -“3
milhões de crianças vivem em famílias em que cada pessoa tem menos de dois
dólares por dia”. Que oportunidades terão? Abramsky responde: “para milhões de americanos o seu nascimento
é, na verdade, o seu destino”.
Milhões de pessoas fazem bicha para a sopa
dos pobres. Muitos milhares de pessoas vivem da recolha de fios de cobre, de
materiais de construção, de madeiras dos milhares de casas abandonadas. O
número de sem-abrigo atinge recordes – as ruas, os parques de caravanas, os
vãos das pontes, são locais hoje repletos de pessoas que aí vivem e dormem em
tendas ou abrigos improvisados. As histórias impressionam.
No país em que a saúde está privatizada uma doença,
que gere uma conta elevada, pode levar uma pessoa a perder tudo. Aqui lemos os
casos de várias famílias.
O ordenado mínimo fixado em valores extraordinariamente
baixos levam muitos dos que executam os trabalhos mais longos e duros a viver
na miséria.
Crescem os abandonados na sociedade que vivem
à sua margem, tornando-se “um povo
soberano, demasiado pobre para sobreviver na economia legal e demasiado
esquecido pelo governo para ver as suas vidas melhoradas pelos programas
sociais. Para ter comida recorrem a plantação de subsistência. Para abrigo,
dormem nos prédios abandonados que encontram. Não pagam impostos nem recebem assistência.
Não esperam nada do Estado e não de desapontam”
O sistema social americano, vítima de cortes de
financiamento sucessivos, está em ruínas incapaz de responder às necessidades
da população pobre. E contudo com um sistema fiscal mais justo seria possível
eliminar grande parte da pobreza.
Cortes no programa de SNAP (programa de
suplemento alimentar de assistência) que atribui às famílias carenciadas um
cartão com o qual podem comprar, até um limite pré-determinado e durante um período
não muito longo, comida, voltaram a colocar os Estados Unidos no mapa da fome.
Para que qualificar uma pessoa deve ter um rendimento que seja menos pouco
acima da linha de pobreza estabelecida pelo governo federal, mas não pode ter
nenhuns recursos financeiros – uma conta bancária com mais de 2.250 dólares não
permite já que a pessoa possa receber esta prestação social.
O sistema de pensões, baseados em fundos de
pensões de benefício não garantido, tem atirado para a pobreza os mais velhos
que se vêm obrigados a trabalhar até ao fim da vida ou viver na miséria. Muitos
destes fundos faliram durante as sucessivas crises bolsistas e imobiliárias
deixando os seus clientes sem pensões.
A pobreza mina a democracia – “Incapazes de influenciar as políticas, cada
vez mais pessoas simplesmente optam por desistir: não votando nas eleições, não
se sindicalizando, não se informando sobre os grandes temas… E, ao optar por
desistir apenas conseguem assegurar a sua contínua marginalização”.
As soluções apresentadas passam
essencialmente por reforçar os programas existentes através de impostos sobre o
trabalho, as transacções comerciais (IVA), e sobre os lucros das grandes
empresas.
Um livro que nos trás uma realidade escondida
e que nos faz pensar. Contudo a falta de ritmo da escrita, as constantes
repetições de ideias, o estilo contido dos relatos, tornam-no leitura menos atractiva e, a espaços, entediante.
As soluções apresentadas surgem como confusas
e pouco inovadoras, preferindo o autor propor de novo ideias anteriormente
implementadas e que falharam.
A ideia central, com a qual concordo
inteiramente, é a de que a pobreza se combate na sua origem: no desemprego
(necessidade de investimentos públicos em alturas de recessão), nos salários
baixos (ordenado mínimo decente), no acesso gratuito à saúde e à educação. Se
assim for feito o combate à pobreza remanescente torna-se mais fácil com os
recursos tradicionais.
Como sempre nestes casos não publicado em Portugal.
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