quarta-feira, 14 de novembro de 2018

The American Way of Poverty


The American Way of Poverty de Sasha Abramsky

Um relato da pobreza no país mais rico do mundo e propostas claras de como a combater e erradicar.

A fome assola as comunidades destituídas e as pequenas hortas individuais florescem em terrenos abandonados nas grandes metrópoles decadentes como Detroit. 12% da população americana passa fome e o Governo inventou mesmo uma nova expressão, mais suave, para descrever a situação “insegurança alimentar”.

Os mais jovens sofrem no país que proclama ser a terra da igualdade de oportunidades -“3 milhões de crianças vivem em famílias em que cada pessoa tem menos de dois dólares por dia”. Que oportunidades terão? Abramsky responde: “para milhões de americanos o seu nascimento é, na verdade, o seu destino”.

Milhões de pessoas fazem bicha para a sopa dos pobres. Muitos milhares de pessoas vivem da recolha de fios de cobre, de materiais de construção, de madeiras dos milhares de casas abandonadas. O número de sem-abrigo atinge recordes – as ruas, os parques de caravanas, os vãos das pontes, são locais hoje repletos de pessoas que aí vivem e dormem em tendas ou abrigos improvisados. As histórias impressionam.

No país em que a saúde está privatizada uma doença, que gere uma conta elevada, pode levar uma pessoa a perder tudo. Aqui lemos os casos de várias famílias.

O ordenado mínimo fixado em valores extraordinariamente baixos levam muitos dos que executam os trabalhos mais longos e duros a viver na miséria.

Crescem os abandonados na sociedade que vivem à sua margem, tornando-se “um povo soberano, demasiado pobre para sobreviver na economia legal e demasiado esquecido pelo governo para ver as suas vidas melhoradas pelos programas sociais. Para ter comida recorrem a plantação de subsistência. Para abrigo, dormem nos prédios abandonados que encontram. Não pagam impostos nem recebem assistência. Não esperam nada do Estado e não de desapontam 

O sistema social americano, vítima de cortes de financiamento sucessivos, está em ruínas incapaz de responder às necessidades da população pobre. E contudo com um sistema fiscal mais justo seria possível eliminar grande parte da pobreza.

Cortes no programa de SNAP (programa de suplemento alimentar de assistência) que atribui às famílias carenciadas um cartão com o qual podem comprar, até um limite pré-determinado e durante um período não muito longo, comida, voltaram a colocar os Estados Unidos no mapa da fome. Para que qualificar uma pessoa deve ter um rendimento que seja menos pouco acima da linha de pobreza estabelecida pelo governo federal, mas não pode ter nenhuns recursos financeiros – uma conta bancária com mais de 2.250 dólares não permite já que a pessoa possa receber esta prestação social.

O sistema de pensões, baseados em fundos de pensões de benefício não garantido, tem atirado para a pobreza os mais velhos que se vêm obrigados a trabalhar até ao fim da vida ou viver na miséria. Muitos destes fundos faliram durante as sucessivas crises bolsistas e imobiliárias deixando os seus clientes sem pensões.

A pobreza mina a democracia – “Incapazes de influenciar as políticas, cada vez mais pessoas simplesmente optam por desistir: não votando nas eleições, não se sindicalizando, não se informando sobre os grandes temas… E, ao optar por desistir apenas conseguem assegurar a sua contínua marginalização”.

As soluções apresentadas passam essencialmente por reforçar os programas existentes através de impostos sobre o trabalho, as transacções comerciais (IVA), e sobre os lucros das grandes empresas.

Um livro que nos trás uma realidade escondida e que nos faz pensar. Contudo a falta de ritmo da escrita, as constantes repetições de ideias, o estilo contido dos relatos, tornam-no leitura menos atractiva e, a espaços, entediante.

As soluções apresentadas surgem como confusas e pouco inovadoras, preferindo o autor propor de novo ideias anteriormente implementadas e que falharam.

A ideia central, com a qual concordo inteiramente, é a de que a pobreza se combate na sua origem: no desemprego (necessidade de investimentos públicos em alturas de recessão), nos salários baixos (ordenado mínimo decente), no acesso gratuito à saúde e à educação. Se assim for feito o combate à pobreza remanescente torna-se mais fácil com os recursos tradicionais.

Como sempre nestes casos não publicado em Portugal.

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