Chuva Braba de Manuel Lopes
Um romance emocionante e poderoso sobre o
destino cabo-verdiano, entre a emigração e o apego ao chão, entre o marinheiro
que parte e o camponês que fica, entre a seca que empurra para o estrangeiro e
a chuva que prende à pátria.
Um dilema moral intemporal, devo para fazer o
que julgo bem para outrem engana-lo, manipula-lo para que decida a fazer o que
não quer, ou pelo contrário devo deixar-lhe liberdade de escolha mesmo que seja
para fazer algo oposto ao seu próprio interesse?
O jovem Mané Quim vê-se dividido entre o
apelo do seu padrinho radicado no Brasil e a família, mãe e irmão e a amada, fincados
em Cabo Verde, na pequena localidade de Ribeira das Patas. Qual será o seu
destino?
De um lado “A água que já não cai … As nascentes secando e o pasto ardendo nos
tapumes como cinza de um incêndio devastador de de vidas e haveres…” de
outro o chamamento da Natureza “Um homem
passa a vida inteira em companhia de uma árvore cuja semente enterrará quando
era menino. Amou-a como a um membro da família, soube quando ela teve sede e
regou-a, podou-a na época própria, protegeu-a contra as intempéries. Para ele a
história daquela árvore é uma história muito rica”.
O autor introduz com mestria no português um
conjunto de vocábulos provenientes da língua cabo-verdiana, dando um justo
destaque ao idioma do seu país e que na época era vilipendiado, perseguido e mesmo
proibido no espaço público (escolas e outros organismos do estado colonial).
Manuel Lopes (1907-1989), natural da ilha de
São Nicolau, foi um dos mais destacados escritores cabo-verdianos do movimento
Claridade de que foi com Baltasar Lopes da Silva um dos maiores
impulsionadores. Chuva Braba, publicado em 1956, está traduzido para inglês e
para espanhol.
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