A Engrenagem por Soeiro Pereira Gomes
A passagem traumática e brutal de uma
sociedade rural para o novo paradigma industrial. A proletarização dos
camponeses que, em pouco tempo, se vêm desapossados das suas terras, impelidos
para a grande fábrica, com todo um cortejo de devastação, miséria e fome.
As condições de trabalho, os consequentes acidentes,
o desemprego, as pequenas ambições, os amores ingénuos, estão admiravelmente
descritas nesta obra-prima de literatura portuguesa.
Um tempo de precariedade, de rol na mercearia,
de arbitrariedades na Justiça, de abandono na doença, que desestrutura a antiga
sociedade agrícola e lhe impõe uma nova organização centrada na grande
indústria. Os homens desorientados com as mudanças, iludidos com pequenos
ganhos ou avanços de carreira, vão-se adaptando a custo e pouco-a-pouco
ganhando uma nova consciência que os impele para se unirem para zelar pelos
seus direitos.
Soeiro Pereira Gomes (1910-1949), é justamente
considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX. Sobre ele se
escreveu “Militante comunista, Soeiro
Pereira Gomes foi membro do Comité Central do PCP, o que o levou a entrar na
clandestinidade em 1943, condição em que viria a morrer seis anos depois,
vítima de tuberculose, impossibilitado de receber o tratamento médico de que
necessitava”.
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