quarta-feira, 4 de março de 2020

Como tirar proveito dos inimigos

Como tirar proveito dos inimigos por Plutarco

Um livro muito útil que nos ensina muito sobre a natureza humana. Dividido em três partes distintas começa por instruir sobre como tirar proveito dos inimigos, reflete depois nos malefícios dos aduladores e como os identificar e por fim fala-nos da franqueza, base da verdadeira amizade, e de como a utilizar.

Evitar os vícios dos inimigos (“Se te é possível, distingue-te dos que não prestam”), perceber e corrigir as faltas verdadeiras que os inimigos nos apontam, são formas de tomar “o inimigo como mestre gratuito” já que muitos dos nossos defeitos e limitações “percebe-as melhor o inimigo do que o amigo”.

A adulação, de falsos amigos, é muito perigosa porque favorece o vício, não corrige o erro, e torna-nos incapazes de “ser um juiz justo e imparcial de si mesmo”. O adulador é o falso amigo que no infortúnio não nos ajuda e nos abandona pelo que é importante identifica-lo o mais cedo possível antes que seja tarde, não convindo “esperar pela experiência quando esta já não é proveitosa”. Por isso é preciso “por à prova o amigo antes que chegue a necessidade”.

O adulador é falso, servil, “obsequioso”, “molda-se constantemente aquele a quem pretende agradar”, “confunde todos os valores morais”, “faz promessas incoerentes”, e segue várias táticas: pode ser ele a elogiar de viva voz ou silenciosamente ou colocar os elogios na boca de outros. O grande perigo são os “elogios que convertem vícios em virtudes”. Acima de tudo o adulador “procura afastar os verdadeiros amigos”.

Em total contraste o amigo usa a franqueza, uma virtude que deve ser usada com tato – “é feio para fugir da adulação com uma desmedida franqueza destruir a amizade e a solicitude”, porque a partir de certo ponto a franqueza deixa de ser proveitosa, nomeadamente se “parecer que censuramos o amigo por motivos próprios” já que “a franqueza é algo amistoso e honroso, mas a censura é algo egoísta e mesquinho”.

Importante é a forma como a franqueza dever ser administrada, afastando completamente a troça, “supriremos da nossa franqueza os condimentos desagradáveis: orgulho, riso, chacota e troça”, falando em privado e nunca em público – “em segredo e sem convocar uma assembleia, sem ostentação e sem testemunho de espectadores”, e suavizando o discurso - “nem uma alma apaixonada aceita a franqueza e admoestação desnudas”, evitando a polémica e apaziguando os ânimos de seguida.

Um livro que todos deviam ler.

A tradução da edição das “Coisas de Ler”, contudo, cheia de erros não permite uma leitura escorreita do texto.

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