Como tirar proveito dos inimigos por
Plutarco
Um livro muito útil que nos ensina muito
sobre a natureza humana. Dividido em três partes distintas começa por instruir
sobre como tirar proveito dos inimigos, reflete depois nos malefícios dos
aduladores e como os identificar e por fim fala-nos da franqueza, base da
verdadeira amizade, e de como a utilizar.
Evitar os vícios dos inimigos (“Se te é possível, distingue-te dos que não
prestam”), perceber e corrigir as faltas verdadeiras que os inimigos nos
apontam, são formas de tomar “o inimigo
como mestre gratuito” já que muitos dos nossos defeitos e limitações “percebe-as melhor o inimigo do que o amigo”.
A adulação, de falsos amigos, é muito
perigosa porque favorece o vício, não corrige o erro, e torna-nos incapazes de “ser um juiz justo e imparcial de si mesmo”.
O adulador é o falso amigo que no infortúnio não nos ajuda e nos abandona pelo
que é importante identifica-lo o mais cedo possível antes que seja tarde, não
convindo “esperar pela experiência quando
esta já não é proveitosa”. Por isso é preciso “por à prova o amigo antes que chegue a necessidade”.
O adulador é falso, servil, “obsequioso”, “molda-se constantemente aquele a quem pretende agradar”, “confunde todos os valores morais”, “faz promessas incoerentes”, e segue
várias táticas: pode ser ele a elogiar de viva voz ou silenciosamente ou colocar
os elogios na boca de outros. O grande perigo são os “elogios que convertem vícios em virtudes”. Acima de tudo o adulador
“procura afastar os verdadeiros amigos”.
Em total contraste o amigo usa a franqueza,
uma virtude que deve ser usada com tato – “é
feio para fugir da adulação com uma desmedida franqueza destruir a amizade e a
solicitude”, porque a partir de certo ponto a franqueza deixa de ser
proveitosa, nomeadamente se “parecer que
censuramos o amigo por motivos próprios” já que “a franqueza é algo amistoso e honroso, mas a censura é algo egoísta e
mesquinho”.
Importante é a forma como a franqueza dever
ser administrada, afastando completamente a troça, “supriremos da nossa franqueza os condimentos desagradáveis: orgulho,
riso, chacota e troça”, falando em privado e nunca em público – “em segredo e sem convocar uma assembleia,
sem ostentação e sem testemunho de espectadores”, e suavizando o discurso -
“nem uma alma apaixonada aceita a
franqueza e admoestação desnudas”, evitando a polémica e apaziguando os ânimos
de seguida.
Um livro que todos deviam ler.
A tradução da edição das “Coisas de Ler”, contudo,
cheia de erros não permite uma leitura escorreita do texto.
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