segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O Estrangeiro

O Estrangeiro de Albert Camus

 

A Natureza tem horror ao vazio e a sociedade à indiferença. Estes vácuos têm de ser preenchidos. De forma natural ou artificial.

 

O personagem central deste romance, Meursaul, mostra uma espantosa indiferença aos outros, se bem que por vezes racionalmente explicada, uma falta de sentimentos fortes, deixando-se levar pelos acontecimentos e pelas suas impressões sensoriais momentâneas. Um caminho que se revela dramaticamente perigoso.

 

O drama passado em Argel tem um forte contexto colonial e mostra duas comunidades separadas: a dos colonos franceses e a dos colonizados árabes. Como o salientou Edward Said as personagens árabes não têm nome e constituem apenas um pano de fundo para as ações dos europeus que, eles sim têm nome e personalidade.

 

No livro Meursaul perde-se mais por não ter chorado no funeral da mãe do que pela ação violenta que cometeu, num julgamento em que mais do que as ações concretas se julga o suposto carácter do réu.

 

Albert Camus (1913-1960), escritor francês, venceu o Prémio Nobel de 1957. Morre num acidente de viação quando o carro em que seguia, mas não conduzia, se despistou.


 

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