quinta-feira, 15 de abril de 2021

Outrora e Outros Tempos

 

Outrora e Outros Tempos

 

O tempo dos relógios parece igual para todos rodando eterna e irreversivelmente para todos ao mesmo ritmo e passo. Contudo para cada um de nós ele é diferente porque habitado por diferentes pensamentos, preocupações e acontecimentos. Temos, assim, um tempo fragmentado, parcial, diferente que se desdobra e adapta a cada um de nós.

 

São estas parcelas individuais de tempo que Olga Tokarczuck procura capturar nas vidas de uma família rural da pequena aldeia de Outrora. O tempo comum passa, a Polónia integrada no Império Czarista, torna-se independente no final da Primeira Guerra Mundial, é invadida e ocupada por alemães, libertada pelo exército soviético, opta pelo socialismo, regressa ao capitalismo, mas a vida e o pulsar de Outrora parece indiferente ao tempo exterior de que lhe chegam apenas ecos longínquos.

 

O tempo de Misia, o de Izydor, o de Pawel, o de Ruta, o de Genowefa, o de Kloska, correm paralelos e contudo são tão diferentes e distantes um dos outros embora fortemente imbricados. Como se alguns detalhes e acontecimentos nos prendessem, nos amarrassem a um tempo, a uma ideia que perdura, a uma obsessão que absorve.

 

Olga Tokarczuck (n. 1962), escritora polaca, ganhou o Prémio Nobel de 2018.



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