sábado, 29 de novembro de 2014

Dias Felizes

Dias Felizes de Samuel Beckett



Uma peça assustadora, que nos deixa angustiados e nos faz reflectir no sentido, ou falta dele, da Vida.

Um enorme vazio. A terra, como diria Guerra Junqueiro, “seca, deserta e nua”, os dias iguais, as vidas ocas, sem sentido, numa sucessão de dias falsamente felizes em que há “Tão poucas coisas a dizer, tão poucas a fazer, e o medo…”, e depois o nada.

O drama da existência humana com a sua consciência, com a sua inteligência, mas sem qualquer pista que nos mostre um caminho, que nos dê uma finalidade. E, contudo, precisamos que “aconteça alguma coisa no mundo”.

Beckett cultiva uma dramaturgia despojada, um teatro do absurdo, em que vai ao âmago das perguntas primordiais do Ser Humano sobre a sua identidade e sobre o seu propósito. 

Mas a sua solução a estas questões é, no fundo, uma resposta derrotista, obcecada pelo aparente absurdo da Vida, sem se aperceber que o sentido teleológico da Vida não existe e pelo contrario o objectivo da Vida é ser Vivida e nada mais.

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