domingo, 2 de novembro de 2014

A Nave dos Loucos

A Nave dos Loucos por Katherine Anne Porter


Um navio parte da cidade de Vera Cruz no México com destino ao porto alemão de Bermerhaven no Verão de 1931. Durante três semanas os passageiros e os tripulantes constituem uma pequena sociedade flutuante fechada e ordenada. Como num reality show o leitor pode acompanhar as opiniões e as acções de um conjunto de pessoas que viaja em primeira classe.

Vemos surgir os alemães cheios da sua mania de uma superioridade moral e intelectual, acompanhada do mais odioso comportamento delator, de um repugnante anti-semitismo e da defesa do criminoso eugenismo. Vemos os mexicanos agir com dignidade e firmeza, os americanos sempre belicosos mas com alma ingénua e de algum modo artística. Os cubanos folgazões mas cultos.

E esta fauna humana vai-se mostrando como verdadeiramente é. Cobarde, odiosa, cheia de preconceitos, incapaz de perceber a generosidade e o amor. Todos acabam por se expor ao ridículo pelo seu comportamento. Todos acabam por mostrar a mesquinhes dos seus objectivos e dos seus propósitos. Todos são humilhados por uma trupe de zarzuela composta de chulos e prostitutas.

O livro contêm também uma forte crítica social, com a massa dos emigrantes espanhóis expulsos de Cuba e que ocupam a terceira classe, vistos como gado pelos viajantes de primeira classe, a mostrar uma generosidade, uma coragem, um desprendimento quê não vislumbramos nas classes superiores.

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