Eu que servi o Rei de Inlaterra por Bohumil Hrabal
Uma primeira em que o narrador
conta a sua vida, primeiro como jovem criado checo, profissão em que aprende a
ver tudo, ouvir tudo mas em simultâneo não ver nada e não ouvir nada. O
ordenado é pequeno mas as gorjetas generosas principalmente quando se serve os comerciantes,
corretores e políticos locais nas suas noites de folia em que se empanturram de
comida e bebida na companhia de lindas meninas.
Depois como jovem adulto que serve o Imperador
da Etiópia enamora-se de uma ginasta alemã com quem casa em plena ocupação
nazi. Os alemães humilham-no mas sobrevive à guerra e é mesmo preso no final o
que lhe permite escapar a uma dura condenação por colaboracionismo. Graças a
uma colecção de selos que a sua mulher roubara a judeus polacos consegue tornar
o seu sonho realidade – torna-se hoteleiro, mas apesar disso não é aceite entre
os seus antigos patrões como um deles.
Esta primeira parte escrita num
estilo pícaro, leve e vibrante está cheia de humor e ingenuidade.
Na segunda parte em que o herói se
retira para a floresta, para as terras anteriormente ocupadas por agricultores
alemães entretanto expulsos, assistimos a uma reflexão profunda sobre o
significado da vida e a escrita altera-se para um tom mais introspectivo, melancólico
e humano.
Hrabal foi um autor controverso
que apoiou simultaneamente o regime socialista checoslovaco, que promoveu as
suas obras, e o grupo oposicionista Carta 77.
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