Um Copo de Cólera de Raduan Nassar
Um livro que se desenrola num crescendo de
violência, primeiro na sua ausência, numa atmosfera de aparente apaziguamento
depois de uma noite de amor, mas que se vai transformando num clima de
confrontação verbal intelectualizada que, finalmente, quando os argumentos se
esgotam para homem, descamba numa agressão física descontrolada.
O livro está dividido em sete capítulos: A
Chegada, Na Cama, O Levantar, O Banho, O Café da Manhã, O Esporro, A Chegada,
formando como que um circulo, o último capítulo tem o mesmo nome que o
primeiro, o ciclo da violência e da reconciliação, o ciclo maldito da violência
doméstica.
A discussão entre o casal, apresentada como
um monólogo do elemento masculino, percorre um vasto leque de temas que vão
desde o cinismo social e a perca de fé na capacidade de redenção do género
humano, ao racismo, à prepotência laboral, à vida e à morte.
Estilisticamente o livro, escrito no início
dos anos 70 do século XX, contêm algumas características interessantes, desde
logo porque cada capítulo é constituído por um único, muito longo e perfeito,
paragrafo escrito num tom coloquial.
Raduan Nassar, escritor brasileiro, foi o
vencedor do Prémio Camões de 2016. A sua obra é escassa, destacando-se este
Corpo de Cólera e outro livro Lavoura Arcaica a que acresce apenas um livro de
contos Menina a Caminho.
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