Viagem ao País da Manhã por Hermann Hesse
Pode uma personagem
agigantar-se e tornar-se mais real, mais consistente, mais credível, mais densa
que o seu autor? Pode a obra suplantar o criador? Pode a vida de um alimentar o
brilho do outro? Pode a energia, o talento do escritor transvasar,
transferir-se para a personagem que imaginou, deixando-o destroçado, vazio e
seco.
Na demanda pelo país da
manhã cada um pode perseguir o seu próprio sonho, pode enveredar pelo melhor
caminho para lá chegar, gozando de uma ampla liberdade.
Este conto tem uma
dupla leitura. Como a história da Ordem espiritual que o narrador abraçou na
juventude, que a dado momento pôs em causa e à qual pretende, arrependido e
infeliz, voltar. É uma bela gesta, plena de magia, mistério e de interessantes
e profundas lições de moral.
Mas também pode ser
entendida como alegoria ao trabalho do Artista, do músico, do pintor, do
escritor. Um trabalho em que a matéria-prima é o seu próprio ser e que por
imperativo o Artista metamorfoseia, através da sua Arte, noutro tipo de vida
mais profundo e mais puro.
Hermann Hesse ganhou o Prémio Nobel
da literatura, logo a seguir à II Grande Guerra, em 19746.
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