quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Atlas das Relações Internacionais


Atlas das Relações Internacionais editado por Pascal Boniface

Um livro profusamente ilustrado por mapas coloridos que nos ajudam a compreender a história e a dinâmica das relações entre Estados nos quatro cantos do Mundo.

Datado de 2009 surge já como algo desatualizado e precisando de um refrescamento para se adequar à evolução geopolítica que o planeta conheceu nestes últimos 10 anos. Uma boa prova de que a velocidade das mudanças sofreu uma aceleração.

Organizado por Pascal Boniface mas contando com a colaboração de uma vasta equipa do IRIS (Instituto de Relações Internacionais) incluindo vários especialistas em cartografia, a obra cobre praticamente o planeta de Leste a Oeste, de Norte a Sul. Algumas lacunas prendem-se, entre outras, com as regiões da Antártida, das ilhas do Pacífico e do conjunto Austrália e Nova Zelândia.

Sobre a Península Ibérica, que analisa como um todo, refere que “As guerras napoleónicas quebraram de forma duradoura o poderio de Portugal e Espanha, construído sobre os oceanos e no além-mar”. A partir desse momento “Os dois países perderam qualquer capacidade de influência externa e tornaram-se alvo de interesses estrangeiros”. E sobre a tentativa de regresso à cena internacional como iniciativas como a CPLP escreve “Os dois países não têm meios para o seu novo voluntarismo externo”. Uma visão fria e realista do posicionamento português na comunidade internacional.

Nota-se algum enviesamento em relação à forma relativamente benevolente como a França, país de origem dos autores, é tratada relativamente a outras potências nomeadamente os Estados Unidos e o Reino Unido. Assim o colonialismo francês é visto como “civilizador” enquanto o espanhol e inglês tende a ser, corretamente, apresentado como exterminador de povos e populações indígenas. A verdade porém é que o colonialismo francês, tal como o português, foi igualmente, se não mais em vários casos, cruel e mortífero.

Uma boa introdução generalista para quem pretenda compreender as relações internacionais, pois abarca um amplo leque de temas embora não aprofunde nenhum em particular. Uma visão generalista guiada em muitos casos pelo olhar da escola realista das relações internacionais.

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