O Vale dos Imortais – Tomo I
Prosseguindo uma tradição que vem ganhando
raízes nos últimos anos nesta quadra natalícia saiu mais uma aventura da famosa
dupla constituída pelo capitão inglês Blake e pelo professor escocês Mortimer.
No rescaldo da II Guerra Mundial a China vive
os últimos dias da ocupação japonesa e da guerra civil que opôs os comunistas
de Mao Tsé-Tung aos nacionalistas do General Chiang Kai-shek o caos propicia a
emergência de senhores da guerra com ambições desmedidas.
Pressentindo a derrota os nacionalistas
roubam os tesouros arqueológicos chineses e levam-nos para o seu último reduto:
a ilha de Taiwan onde se vão instalar com a proteção dos seus aliados ingleses
e americanos.
Primeira parte de um díptico este álbum
inicia-se como uma continuação de O Segredo do Espadão mas rapidamente encontra
a sua vida própria.
Iniciada por Edgar P. Jacobs (1904-1987), um
dos grandes criadores da escola belga de banda desenhada dos anos 40 e 50, a
série Blake e Mortimer foi continuada após a sua morte por vários autores de
banda desenhada ao ponto de terem sido publicados mais álbuns pós Jacobs do que
os que têm a sua autoria.
O Vale dos Imortais é, sem dúvida, o que mais
se aproxima em termos de atmosfera criada, perfil dos personagens, cenários
detalhados, trama intrincada e ritmo narrativo dos originais de Jacobs.
Adotando o espírito colonialista inglês esta
história coloca os nossos heróis como defensores de Hong-Kong contra um
perigoso general que procura a sua legitimidade na sua suposta ascendência
histórica.
Com argumento de Yves Sente e desenhos de Teun
Berserik et Peter Van Dongen este álbum está excessivamente marcado por uma
ideologia colonial e racista, que se manifesta nos mais pequenos detalhes: nas
falas das personagens, nas cores utilizadas para os chineses, na apresentação
dos britânicos como civilização superior, moral, comercial e tecnologicamente,
e na descrição da civilização chinesa como milenar mas atrasada, desestruturada,
imersa no crime e caótica.
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