domingo, 9 de dezembro de 2018

O Brasil precisa de uma Revolução Socialista


O Brasil precisa de uma Revolução Socialista organizado por Mariúcha Fontana

Na senda de Leon Trotsky e de Nahuel Moreno o PSTU, pequeno partido brasileiro, apresenta as suas teses programáticas. Numa primeira parte, a mais interessante do livro, caracterizam a sociedade brasileira desde a independência até à atualidade - “O Brasil é uma semicolónia industrializada que sob a Nova República (governos Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer) e o neoliberalismo se tornou um país ainda mais subordinado, dependente e semicolonial”. Não reconhecer a diferença da orientação dos governos Lula/Dilma dos governos Collor/Temer e meter tudo no mesmo saco surge como tal exagero que o texto perde muita da sua credibilidade.

A par destes exageros e de análises com que dificilmente se pode concordar tal a distância com a realidade, o texto chama a atenção de alguns aspetos dignos de nota que influenciaram duradoiramente a sociedade brasileira:
i)a independência negociada ao contrário da restante América Latina que alcançou a independência através de lutas prolongadas contra a coroa espanhola;
ii) a manutenção da monarquia após a independência em contraponto com a implantação da República em todo o continente americano;
iii) a continuação da escravização de pessoas, sendo o último país americano a aboli-la;
iv) a oposição da burguesia brasileira face às lutas contra a escravidão e os resquícios feudais;
v) a derrota das sucessivas rebeliões democráticas no século XIX;
vi) o papel da aliança dos cafeeiros de São Paulo com os produtores de carne gaúchos no estabelecimento do regime peronista dos anos 30 salientando “os interesses da burguesia gaúcha, baseada na pecuária e na venda de carne para o mercado interno, cumpriu um papel decisivo. Por isso o caudilho desse golpe foi Getúlio Vargas” mas não reconhecendo o papel progressivo deste governo ao nível dos direitos trabalhistas e do modelo de desenvolvimento que industrializou o Brasil e lhe deu uma forte base económica.

Sobre os últimos anos é curioso verificar que Portugal e Brasil seguiram trajetórias de algum modo idêntico no que respeito a uma desindustrialização e desnacionalização com a, consequente, perda de importância na economia mundial “ficando fora dos circuitos do capital destinados aos novos ramos de produção vinculados à informática…”.

Mas enquanto o Brasil “Voltou a ter a função de produtor e exportador de commodities (matérias-primas, alimentos e energia) especialmente para a China” Portugal tem-se especializado no fornecimento de mão-de-obra barata para multinacionais que operam em Portugal muitas na área dos serviços – as maiores empresas portuguesas em número de trabalhadores são hoje cal-centers.

Opondo-se a tudo e a todos, preconizando a revolução permanente, o PSTU é um partido isolado e sem conexão com a massa do eleitorado brasileiro (teve pouco mais de 50 mil votos nas últimas eleições presidenciais num país com mais de cem milhões de eleitores).

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