A Revolução Permanente na Rússia por
Leon Trotsky
Três textos de Leon Trotsky em que explica a
sua teoria da revolução permanente que desenvolveu em várias fases da sua
intervenção na Revolução Russa, antes e depois da tomada do poder pelo Partido
bolchevique. A teoria foi recebida inicialmente com muito ceticismo e mais
tarde com grande preocupação uma vez que, se levada à prática, podia colocar em
perigo a segurança da nascente União Soviética e lançar o mundo numa guerra inútil.
Os poucos apoiantes atuais desta teoria não
se entendem quanto ao seu conteúdo prático e dividem-se em numerosos grupos e
fações em constante cisão, fusão e desagregação. O número de interpretações
parece ser inversamente proporcional ao número de seguidores, ie. quanto menos
são nemos se entendem quanto ao principal legado teórico de Trotsky.
Essas múltiplas interpretações advém da falta
de clareza do autor quanto ao tema que pretende analisar deixando assim campo à
maior especulação e divergência. Explica-se, assim, que este pequeno livro de
cerca de 100 páginas contenha uma introdução de 25 páginas do italiano Livio
Maitan (1923-2004) com a sua visão particular sobre o tema.
O primeiro artigo intitulado “O que é a
Revolução Permanente” foi escrito em 1929 por Trotsky depois de expulso do
Partido bolchevique e já instalado na Turquia. Trata-se de um ataque à ideia de
aliança operário-camponesa que tinha garantido o sucesso da Revolução Russa que
não vê como adequada. Critica-a especialmente quando aplicada aos países
asiáticos – uma previsão que se revelaria estrondosamente errada com o sucesso das
revoluções da China e da Indochina (Vietname, Laos, Camboja) todas largamente
apoiadas por massas camponesas. O texto contém também uma crítica da ideia de
socialismo num só país e a apologia da exportação da revolução para a Europa.
Estaline opunha-se a esta teoria na medida em que levaria à guerra com as
potências ocidentais.
O segundo texto, datado de 1932, é um
discurso preparado para uma conferência na Dinamarca. Aqui desenvolve uma outra
teoria a do desenvolvimento combinado- “Se
há países atrasados e avançados, há também uma ação reciproca entre eles, há
uma pressão dos avançados sobre os retardatários, há a necessidade para os
países atrasados de alcançar os países progressistas, de se servirem da sua
técnica, ciência, etc.. Assim surgiu um tipo combinado de desenvolvimento:
sinais de atraso combinam-se com a última palavra da técnica e pensamento
mundiais”. Esta teoria opõem-se a teoria de Lenine sobre o Imperialismo.
Neste texto Trotsky, fascinado pelo poderio económico
americano, vai ao ponto de ver o socialismo edificado sobre o americanismo “os Estados Unidos atuais com a sua
iniciativa prática desenfreada, a técnica racionalizada, o arranque económico.
Sobre estas conquistas do americanismo a humanidade edificará a nova sociedade”.
Quão errado estava.
No terceiro e último texto “Três Conceções da
Revolução” escrito em 1939, já em plena II Guerra Mundial, desenvolve a sua
crítica a Lenine e à ideia de aliança operário-camponesa repetindo os seus
preconceitos contra os camponeses.
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