quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Revolução Permanente na Rússia


A Revolução Permanente na Rússia por Leon Trotsky

Três textos de Leon Trotsky em que explica a sua teoria da revolução permanente que desenvolveu em várias fases da sua intervenção na Revolução Russa, antes e depois da tomada do poder pelo Partido bolchevique. A teoria foi recebida inicialmente com muito ceticismo e mais tarde com grande preocupação uma vez que, se levada à prática, podia colocar em perigo a segurança da nascente União Soviética e lançar o mundo numa guerra inútil.

Os poucos apoiantes atuais desta teoria não se entendem quanto ao seu conteúdo prático e dividem-se em numerosos grupos e fações em constante cisão, fusão e desagregação. O número de interpretações parece ser inversamente proporcional ao número de seguidores, ie. quanto menos são nemos se entendem quanto ao principal legado teórico de Trotsky.

Essas múltiplas interpretações advém da falta de clareza do autor quanto ao tema que pretende analisar deixando assim campo à maior especulação e divergência. Explica-se, assim, que este pequeno livro de cerca de 100 páginas contenha uma introdução de 25 páginas do italiano Livio Maitan (1923-2004) com a sua visão particular sobre o tema.

O primeiro artigo intitulado “O que é a Revolução Permanente” foi escrito em 1929 por Trotsky depois de expulso do Partido bolchevique e já instalado na Turquia. Trata-se de um ataque à ideia de aliança operário-camponesa que tinha garantido o sucesso da Revolução Russa que não vê como adequada. Critica-a especialmente quando aplicada aos países asiáticos – uma previsão que se revelaria estrondosamente errada com o sucesso das revoluções da China e da Indochina (Vietname, Laos, Camboja) todas largamente apoiadas por massas camponesas. O texto contém também uma crítica da ideia de socialismo num só país e a apologia da exportação da revolução para a Europa. Estaline opunha-se a esta teoria na medida em que levaria à guerra com as potências ocidentais.

O segundo texto, datado de 1932, é um discurso preparado para uma conferência na Dinamarca. Aqui desenvolve uma outra teoria a do desenvolvimento combinado- “Se há países atrasados e avançados, há também uma ação reciproca entre eles, há uma pressão dos avançados sobre os retardatários, há a necessidade para os países atrasados de alcançar os países progressistas, de se servirem da sua técnica, ciência, etc.. Assim surgiu um tipo combinado de desenvolvimento: sinais de atraso combinam-se com a última palavra da técnica e pensamento mundiais”. Esta teoria opõem-se a teoria de Lenine sobre o Imperialismo.

Neste texto Trotsky, fascinado pelo poderio económico americano, vai ao ponto de ver o socialismo edificado sobre o americanismo “os Estados Unidos atuais com a sua iniciativa prática desenfreada, a técnica racionalizada, o arranque económico. Sobre estas conquistas do americanismo a humanidade edificará a nova sociedade”. Quão errado estava.

No terceiro e último texto “Três Conceções da Revolução” escrito em 1939, já em plena II Guerra Mundial, desenvolve a sua crítica a Lenine e à ideia de aliança operário-camponesa repetindo os seus preconceitos contra os camponeses.

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